Manuel Mota estava inconsolável. Voltou-se para o seu amigo Manuel Teixeira Mendes e disse-lhe: “Só me apetece sentar aqui nesta soleira e chorar...” Sentia-se pequeno face à grandiosidade do cenário que o envolvia – a imponência dos arranha-céus de Nova Iorque contrastava radicalmente com tudo o que conhecera até então.
A sua presença na cidade era a última paragem de uma correria louca a um empréstimo que lhe poderia mudar a vida. Fora convidado pelo governo angolano para liderar o projeto de ampliação do Aeroporto de Luanda e a construção de uma importante estrada entre a cidade de Luso e a vila Henrique de Carvalho. A proposta chegara com um presente envenenado: para assumir os projetos, a Mota & Companhia teria também de assegurar o seu financiamento: 10,5 milhões de dólares (mais de 57 milhões de euros atualmente), uma fortuna para a época e um valor que Manuel Mota estava longe de possuir.
Recusar não era opção. A obra ia avançar, com ele ou sem ele. Aceitou, ainda sem saber bem onde conseguiria o financiamento. Portugal estava fora de causa – era muito pequeno.
Leia o artigo completo na revista Sábado. (Artigo publicado originalmente a 6 de março de 2014 e republicado no dia em que António Mota morreu, domingo, 30 de novembro.)