
Numa grande entrevista à 'TV Guia', revista que está a comemorar 45 anos de vida, Manuel Luís Goucha falou de tudo, desde ao trabalho à sua vida privada. A determinada altura, sobre um dos seus programas na TVI, 'Conta-me', aos sábados à tarde, ser uma cópia de Alta Definição, da SIC, o apresentador disse de sua justiça.
'Conta-me' é uma cópia de 'Alta Definição' (SIC)?
São parecidos, se bem que, em termos de edição, são diferentes. O Conta-me é feito live on tape: aqueles 45 minutos é o tempo que dura a conversa. Penso que o Alta Definição tem mais tempo de gravação, que depois é editado de forma diferente.
O que já aprendeu com Daniel Oliveira?
[Silêncio] Talvez a tranquilidade que tenho a conversar, que necessariamente tem que ver com o tempo, a energia e a respiração que se têm numa mesa. Não sei se aprendi com o Daniel, mas é uma respiração própria que ele tem, que eu procuro ter depois, acrescentando particularidades minhas: uma certa travessura, ironia, sarcasmo, uma provocaçãozinha, um riso. Ele é mais sério, talvez, não é?
Sabe onde o convidado se vai emocionar.
Infelizmente, acho que o objetivo – esse é o lado voyeur da TV – é fazer chorar o convidado e emocionar o espectador.
Concorda com esse…
[Interrompe] Acontece muitas vezes à mesa das minhas conversas e tenho uma postura clara em relação a isso. O meu objetivo não é, de todo, que a pessoa se emocione, mas pode acontecer, quando se soltam as memórias, se fala da infância, de familiares que já partiram. Mas não devemos castigar. Tenho pudor pela lágrima do outro. Quando isso acontece, tento rapidamente sair dali.
Mesmo sabendo que as lágrimas prendem mais espectadores?
Sim. Não tenho o direito de escarafunchar a dor do outro. Recuso-me.
E o Daniel faz isso?
Não sei se faz, não sei o que vai na sua cabeça. Sei que faz uma conversa que pode chegar às duas horas, que é depois editada e aí pode aproveitar os momentos de maior emoção. É legítimo. Mas eu não quero explorar esse lado da conversa, nem do meu convidado.