
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, confirmou a declaração de estado de calamidade no município de Ovar, uma decisão que tinha sido avançada pelo presidente da Câmara, Salvador Malheiro. Os 30 casos de Covid-19 locais - de um total de 51 na região Centro - e as 440 pessoas em monitorização levaram à tomada de decisão de decretar uma quarentena sanitária até 2 de abril, conforme a evolução da pandemia. "Isto constitui um risco de transmissão generalizada e de poderem ocorrer novas cadeias de transmissão", explicou a ministra da Saúde, Marta Temido, também presente na conferência de imprensa.
Segundo o MAI, vai ser criada uma "cerca sanitária" à volta do município, estabelecimento de restrições a atividades económicas e circulação de pessoas. Além disso, ficam interditas todas as atitivades comerciais e industriais locais, com exepção das que laboram no setor alimentar. Deste modo, "fecham restaurantes e oficinas, mas mantêm-se abertas padarias e supermercados". Farmácias, bancos e postos de combustíveis vão continuar a funcionar, como todas as estruturas de saúde e de forças de segurança. A "medida será aplicada de imediato", anunciou, sendo que o controlo de fronteiras será feito pelo PSP e pela GNR.
Eduardo Cabrita, que manifestou a sua solidariedade à população local, pediu uma "grande compreensão" e que sejam cumpridas as regras de "absoluta restrição das atividades".
Por seu turno, Marta Temido revelou que não serão alargados os critérios dos testes, dizendo que as autoridades se mantém alinhadas com as diretivas das organizações mundiais. "Estas pessoas que são potenciais contactos podem vir a fazer o teste se isso for recomendado pelas autoridades de saúde. Mas por enquanto só fazemos os testes se houver sintomas da doença. Isso prende-se com as recomendações mundiais, mas também com a necessidade de uma gestão criteriosa dos testes", explicou.
No seu boletim diário, a DGS elevou, esta terça-feira, o número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte em Portugal.
Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
A nível, global, o número de infetados é superior a 180 mil pessoas desde o início do surto, das quais mais de sete mil morreram e mais de 75 mil recuperaram.