
Prestes a completar 90 anos de idade – sábado, 7 de dezembro – Helena Sacadura Cabral continua a ser uma mulher independente, que preza, acima de tudo, a sua liberdade, e que continua a trabalhar diariamente, na plenitude das suas capacidades, tanto físicas como intelectuais.
Helena nunca se conformou com as regras sociais que impõem determinados comportamentos, principalmente às mulheres, e por isso diz fazer parte do movimento 'Me Free'. "Gosto de homens que apreciam as mulheres e as tratam como iguais. A minha luta passa pelo agregar e não pelo dividir", diz em declarações à 'Caras', distanciando-se do movimento 'Mee Too'.
Jornalista, escritora e economista, foi a primeira mulher a integrar os quadros do Banco de Portugal, apesar de, momentos houve, em que quis seguir medicina para "estudar o cérebro, essa peça fundamental sem a qual não existimos".
É a mãe de Miguel e de Paulo Portas. Dois nomes ligados à política ainda que de campos diametralmente opostos – Miguel foi cofundador do BE e Paulo liderou o CDS durante 18 anos. "O imenso afeto que os unia jamais foi danificado pela política. Aí ganhei eu, que lhes dei toda a liberdade de serem o que quisessem e não as ideologias", congratula-se à mesma publicação. Mas ser "a mãe" de Miguel e de Paulo não é (apenas) aquilo que a define.
Despediu-se do Miguel há 12 anos. A par do divórcio, foi um dos momentos de maior dor na sua vida. Valeu-lhe a promessa que tinha feito ao filho. "Tinha viva uma família que dependia de mim e da força que eu demonstrasse. Foi o último desejo do Miguel que cumpri fielmente, com a capacidade de resiliência de que fui dotada. Por isso, o Miguel está tão presente na minha vida como estivesse vivo e falo com ele todos os dias! O Miguel pediu-me que desse o exemplo, não me entregasse ao desgosto e que continuasse a viver, como se ele cá estivesse. Foi o que fiz!" justifica.
Cancelou um casamento pouco antes de subir ao altar e divorciou-se do pai dos filhos – o arquiteto Nuno Portas – ao fim de 11 anos de matrimónio. Recusou sempre ser espartilhada pelas regras impostas pela sociedade. Não lhe são conhecidos outros amores desde que se divorciou mas também essa é uma escolha sua, muito pessoal. "Quando se comete um erro, não deveremos repeti-lo. Eu casei-me religiosamente com o pai dos meus filhos. Nunca poderia repetir esse casamento, a menos que fosse viúva e não sou. Mas sou livre de o fazer civilmente ou de partilhar a vida com alguém. E sempre entendi que, encontrando a pessoa certa, o faria sem disso ter de dar conhecimento a ninguém!", garante à 'Caras'.