
É por muitos considerado o melhor e o mais influente agente de futebol do mundo. É conhecido por conseguir transferências milionárias, mas agora Jorge Mendes está no centro da polémica por alegadamente ser o cérebro por detrás de um esquema que envolve várias empresas offshore para permitir aos seus agenciados, entre eles Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho ou mesmo José Mourinho, que paguem o mínimo possível de impostos. A revelação foi feita pelo jornal espanhol 'El Mundo' e pela revista alemã 'Der Spiegel', que dizem ter tido acesso a milhares de documentos do Football Leaks, que apontam para uma possível fuga de impostos.
Cristiano Ronaldo, segundo escreve o jornal espanhol, usou um paraíso fiscal para ocultar 150 milhões de euros. Tudo terá começado em 2009, altura em que Mendes conseguiu a transferência de CR7 para o Real Madrid, que envolveu uma verba a rondar os 100 milhões de euros, grande parte para o antigo clube do madeirense, o Manchester United. Mas se até agora não há nada que aponte para qualquer irregularidade na transferência, a situação que pode colocar Ronaldo no banco dos tribunais ou obrigá-lo a pagar uma multa multimilionária, terá começado precisamente meses antes desta mudança. É que os direitos de imagem do jogador foram cedidos a várias empresas sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, um dos mais famosos paraísos fiscais do mundo. Nos primeiros seis anos, a Tollin Associates movimentou 74,8 milhões em direitos de imagem de CR7. Em 2015, uma empresa localizada também no mesmo paraíso fiscal comprou os direitos de imagem do jogador até 2020, pagando 75 milhões. A operação, que foi tornada pública por Ronaldo, foi feita através da Mint Capital, uma empresa que pertencerá a Peter Lim, que foi, recorde-se, o padrinho de casamento de Jorge Mendes, e que tem uma enorme fortuna. Na altura, o craque disse que vendia os direitos porque queria apostar no mercado asiático, onde Lim tem grande influência. Este multimilionário é um dos melhores amigos de Mendes.
Os direitos depois são transferidos para duas empresas, a MIM e a Polaris Sport, situadas na Irlanda, que são quem trata diretamente com as marcas os contratos de publicidade. Os valores cobrados por CR7 são pagos assim através destas empresas offshore, que depois fazem circular parte do dinheiro para uma conta suíça em nome do madeirense.
A Gestifute já garantiu em comunicado que CR7 tem a situação fiscal em Espanha regularizada, à semelhança dos países onde morou, partilhando mesmo uma declaração das autoridades fiscais do país vizinho que o atesta. A empresa de Mendes fez o mesmo em relação a Mourinho.
Contudo, sabe-se agora, que o treinador do Manchester United chegou a acordo com o fisco espanhol depois de uma investigação ter apurado que o setubalense usava uma empresa em nome da mulher e dos filhos, situada nas Ilhas Virgens Britânicas, para fazer circular o dinheiro que recebia das marcas, que pagavam à MIM e à Polaris Sport, os contratos publicitários. Uma investigação do fisco em 2014 ao treinador, citada pelo ‘El Mundo’, garante que o ‘Special One’ foi depois obrigado a pagar uma coima de 2,1 milhões de euros. Mais tarde pagou ainda 800 mil euros por causa dos serviços de Jorge Mendes que não tinham sido declarados. Mas incorre ainda em ter de pagar mais 500 mil euros, aguardando o resultado de um recurso. A Gestifute garante que esteve sempre de boa fé e garante que "em todos os casos que se verificaram divergências com as autoridades sobre critérios fiscais a aplicar, as mesmas foram resolvidas por acordo, sem necessidade de recurso a tribunais". Acordos que, caso aconteçam agora, são multimilionários.