
"A certa altura há alguém que diz: 'Eh, pá, [os judeus] estão nos guetos, estão a morrer de fome, não podemos alimentá-los. Se é para morrer, mais vale morrer de uma forma mais humana. E porque não com gás?'". A frase de José Rodrigues dos Santos na 'Grande Entrevista' da RTP está no centro de uma polémica em Portugal. O jornalista está a ser acusado de promover a desinformação.
A entrevista foi emitida há cerca de três semanas, mas voltou à tona este domingo, 6, depois de Carlos Vaz Marques publicar aquele trecho no Twitter, o que dividiu opiniões. Se por um lado há quem ataque o pivô da RTP, há também quem alegue que a afirmação foi tirada de contexto.
"A alegação de que o excerto de José Rodrigues dos Santos foi descontextualizado é falsa. Não há mais contexto do que aquele. JRS diz mesmo que alguém tomou a decisão de recorrer à câmara de gás considerando que aquela foi uma forma 'mais humana' de matar", respondeu Carlos Vaz Marques depois das críticas.
As câmaras de gás ou de como os nazis foram afinal bonzinhos e humanitários em Auschwitz. (Tinham-me contado, mas antes de ver não acreditei.) pic.twitter.com/HX351D6PPT
— Carlos Vaz Marques (@cvazmarques) December 6, 2020
"JRS não defende a solução, nem eu sugeri em momento nenhum que o faz. JRS não diz que as câmaras de gás são, em si mesmas, defensáveis. Aliás, ao longo da entrevista fica claro que não há um intenção negacionista ou de branqueamento do horror do Holocausto. O que há, à luz de tudo o que li sobre o tema, é uma grande dose de facilitismo interpretativo, tornando aquilo que foi uma forma industrial de extermínio numa decisão de ordem 'humanitária'. E isso é de um desrespeito grotesco pela História", continuou.
"JRS não defende a solução, nem eu sugeri em momento nenhum que o faz. JRS não diz que as câmaras de gás são, em si mesmas, defensáveis. Aliás, ao longo da entrevista fica claro que não há um intenção negacionista ou de branqueamento do horror do Holocausto. O que há, à luz de tudo o que li sobre o tema, é uma grande dose de facilitismo interpretativo, tornando aquilo que foi uma forma industrial de extermínio numa decisão de ordem 'humanitária'. E isso é de um desrespeito grotesco pela História", continuou.
Este texto é tudo o que importa sobre a aberração no José Rodrigues dos Santos. pic.twitter.com/MML3ebzOBk
— Diogo Faro (@SensIdiota) December 6, 2020
A afirmação também irritou internautas, que não desculpam o jornalista. "O José Rodrigues dos Santos achou mesmo que na mente dos nazis o gás venenoso usado nas camaras de gás, cianeto de hidrogénio, que provocava uma morte lenta por asfixia (20 min), crises convulsivas, sangramento, perda das funções fisiológicas, era uma morte mais humana? Ok", lê-se num tweet. Por outro lado, seguidores do escritor reafirmam a descontextualização. "Hoje é a vez do José Rodrigues dos Santos. Quem deseja muito confirmar ideias preconcebidas em relação a alguém, principalmente negativas, encontrará sempre uma frase descontextualizada para o fazer. Todos estamos sujeitos a isso", lê-se noutro comentário.
Por outro lado, seguidores do escritor reafirmam a descontextualização. "Hoje é a vez do José Rodrigues dos Santos. Quem deseja muito confirmar ideias preconcebidas em relação a alguém, principalmente negativas, encontrará sempre uma frase descontextualizada para o fazer. Todos estamos sujeitos a isso", lê-se noutro comentário.