Pedro Chagas Freitas e a mulher continuam à cabeceira de Benjamim, de seis anos, que está internado no Hospital Pediátrico de Coimbra onde foi submetido a um delicado transplante hepático. Tudo parecia estar bem encaminhado, mas os sustos com a saúde do menino sucedem-se.
"Hoje, nova visita ao bloco, que m****. Vai correr tudo bem, só pode, mas custa muito a descida constante ao fundo do medo. Estamos em cacos, mas nada nos destrói. Quando vivemos uma situação assim, somos feitos de um material que se parte todo, e que nem assim fica destruído. Nem sequer é um esforço. É natural", começou por dar com o escritor que tem atualizado o estado de saúde do filho nas redes sociais.
Pedro Chagas Freitas prossegue: "Dói de forma insuportável, e nós suportamos; cansa de forma insuportável, e nós suportamos. Mais do que ser suportável, é adorável, espantoso, uma ponte constante entre a lágrima e o riso. Nessa ponte, nós amamos mais ainda, somos felizes mais ainda. Quando há uma esperança, somos inteiros dela, entregamo-nos a ela, somos completamente dela. Viver é ser da esperança. Somos restos do que já fomos, e nunca fomos tão grandes assim."
Lembra também: "O amor traz uma força que não vem nos livros de física, uma equação que chega antes da matemática. Estamos de rastos, nem sabemos como ainda conseguimos juntar um passo ao outro, arrastamo-nos pelos corredores do hospital, mas basta o Benjamim precisar da nossa força para corrermos que nem desvairados, para procurarmos o que ele procura para se sentir melhor."
E termina falando dessa força inesgotável que é o amor: "Somos zombies cheios de luz, fantasmas que saem do sol, não da escuridão. Pode parecer um sacrifício, mas só para quem não ama. Para quem ama, é só isso. Amor."
