
O último adeus ao antigo Presidente da República Jorge Sampaio está carregado de emoção, reflexo do homem que foi, sem medo nem vergonha de mostrar os sentimentos.
A urna foi retirada do antigo picadeiro real e seguiu em cortejo fúnebre com escolta de honra em direção ao Mosteiro dos Jerónimos, com uma breve paragem à porta do Palácio de Belém, residência oficial da presidência.
A charrete da GNR que transportou a urna, coberta pela Bandeira Nacional, foi enfeitada com rosas brancas e puxada por quatro cavalos brancos, num cortejo escoltado pela Guarda de Honra da GNR a cavalo e apaluadido pelas centenas de populares que acompanharam o último adeus a Jorge Sampaio.
Na chegada aos Jerónimos, a mulher do antigo Presidente da República, Maria José Ritta, e os filhos, André e Vera, juntaram-se ao Presidente da República, presidente do Parlamento e primeiro-ministro, ao mesmo tempo que o batalhão da GNR tocou a marcha fúnebre.
Com a urna colocada no centro do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, a cerimónia iniciou-se com o Hino Nacional. Seguiu-se um excerto do discurso da tomada de posse de Jorge Sampaio como Presidente da República, a 9 de março de 1996, a sua intervenção na CNN sobre Timor-Leste, em dezembro do mesmo ano, e mensagens dos antigos primeiro-ministro e Presidente da República timorenses, Mari Alkatiri e José Ramos Horta.
Altas figuras do Estado, família, amigos próximos e delegações estrangeiras fizeram parte das cerca de 300 pessoas que assistiram à cerimónia, com destaque para as presenças do rei de Espanha, Filipe VI, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, os antigos Presidentes da República António Ramalho Eanes e Aníbal Cavaco Silva.
O momento mais emocionante foi durante os discursos dos filhos do antigo Presidente da República Jorge Sampaio. Vera e André recordaram o pai como "um homem bom". "O nosso pai era um homem bom, atento e disponível, para quem as pessoas contavam cima de tudo, não as pessoas em geral, mas cada pessoa com nome e rosto", destacou a filha, a quem coube o primeiro discurso.
Emocionado, André Sampaio recordou o pai como um homem "popular sem ser populista, sempre próximo sem nunca banalizar a proximidade, que foi estadista e simultaneamente cidadão comum, que foi amado sem gostar de ser venerado".
"Foi lutador e pacificador, sabia ouvir e sabia decidir, valorizava a convergência, mas também os momentos de divergência, foi um homem justo, corajoso, mas sem medo de chorar, foi um homem bom, um pai extraordinário", afirmou.
As cerimónias seguiram para o cemitério do Alto de São João, com a banda da Armada a tocar a Marcha Fúnebre, enquanto a urna era transportada por elementos dos três ramos das Forças Armadas. Uma vez mais ouviu-se uma ovação. Seguiram-se as honras militares e o último adeus ao antigo Presidente da República Jorge Sampaio. Jorge Sampaio foi sepultado no jazigo de família no Alto de São João.