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Verdades e mentiras do caso Markl: como o humorista recuou para se proteger de gatilhos e das próprias emoções

A complexidade do boletim clínico do humorista leva a que, mais de um mês após ter sofrido um AVC, e pelo facto de ter sofrido um segundo já em contexto hospitalar, se mantenha internado. Foi o próprio quem sentiu necessidade de esclarecer o que lhe tinha acontecido, tal como aconteceu com a controvérsia da 'sala privada' no hospital, que desencadeou uma onde de revolta, mas que afinal não passou de um mal entendido. Todas as verdades e mentiras do caso.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
23 de dezembro de 2025 às 21:18
Ricardo Araújo Pereira permanece internado após sofrer um AVC e um segundo ataque no hospital
Ricardo Araújo Pereira permanece internado após sofrer um AVC e um segundo ataque no hospital

Até há pouco tempo, a dúvida persistia. O que estaria a atrasar a alta de Nuno Markl que, um mês após ter sofrido um AVC, continuava hospitalizado? O facto de o humorista ter sofrido um dos episódios mais graves - um acidente vascular cerebral com hemorragia - era apontado como a causa da recuperação mais morosa, mas só nos últimos dias surgiria o esclarecimento crucial, vindo do próprio animador de rádio. "Eu já me estava a mexer, já mexia a mão, já segurava o telemóvel com esta mão, já conseguia lavar a cabeça com as duas mãos. O que o segundo AVC fez, basicamente, foi não que regressasse a zero, mas a menos 30. Foi dos dias mais tristes da minha vida. Eu, nessa manhã, tinha estado a andar, a mexer, a treinar a subida de escadas, e de repente...", contou no podcast 'Isto Não se Diz', do amigo Bruno Nogueira.

Segundo o humorista, o que lhe aconteceu foi "uma raridade científica", uma vez que o mais comum é sofrer-se, em primeira instância, um AVC leve (isquémico), como que um aviso de que algo mais sério poderá acontecer, e não ao contrário, mas o boletim do humorista, de 54 anos, veio baralhar as estatísticas e confirmar-lhe também que o assunto era para ser encarado com seriedade.

Se recuarmos às publicações de Markl, percebemos que, apesar de o radialista ter preferido não dizer exatamente aquilo que lhe tinha acontecido na altura, deu pistas de que urgia abrandar e deixar de fazer tantos updates nas redes sociais. E foi já vários dias depois de ter sofrido o segundo AVC (que aconteceu menos de uma semana após o primeiro) que anunciou que precisava de ir com calma em relação à assiduidade nas redes sociais. "Malta, até por conselho médico vou estar um pouco mais arredado desta app. Espero que compreendam. Irei dizendo coisas de vez em quando, mas parte do tratamento passa por um detox de redes sociais e do caos que vem com elas. (Isto é um conselho válido também para quem não teve AVC.) Agradeço todo o vosso curativo amor, mas esta altura pede que me dedique um pouco mais a mim e aos meus. Está tudo bem encaminhado, mas é um processo com trabalhinho duro pela frente. Abraço-o com entusiasmo. Um valente até já e um sólido I’ll be back", explicou no dia 2 de dezembro, cerca de uma semana após o segundo susto.

Um conselho médico que Nuno Markl levou a cabo até, provavelmente, para se proteger das próprias emoções, uma vez que a sua situação clínica gerou uma onda de amor sem precedentes, mas também acabaria por suscitar o pior destas situações, com Gustavo Santos, três dias após o primeiro AVC de Markl e dois dias antes do segundo, a publicar um vídeo polémico em que, por meias palavras, culpou o humorista por aquilo que lhe tinha acontecido.

"O Nuno foi avisado, o Nuno não está numa cama de hospital porque faz 700 mil coisas ao mesmo tempo. O Nuno está na cama de hospital porque não faz uma: cuidar de si. Pálido, flácido, pré-obeso e pró-vacinas com orgulho... Não dá, ninguém aguenta é ver pessoas destas a cair todos os dias. Felizmente, o Nuno teve uma segunda oportunidade, mas ou o Nuno acorda para a vida ou em vez de andar a morder cães todas as manhas ao pequeno almoço pode começar a alimentar-se por uma palhinha ou ir desta para uma banda desenhada qualquer feita em sua memória. Ninguém quer isto, mas o Nuno tem de ser o primeiro a querer."

Depois de todas as polémicas, proteger o humorista destes gatilhos acabou por ser imperioso, até porque qualquer coisa que o próprio Markl possa dizer já se percebeu que é capaz de gerar reações exacerbadas, mesmo que sejam assentes numa premissa mentirosa, como aconteceu recentemente com o caso da 'sala exclusiva' no hospital.

A POLÉMICA DA SALA PRIVADA

Foi ao falar na Rádio Comercial sobre como seria o seu Natal que Nuno Markl geraria polémica.  “Vou ter um Natal bastante atípico”, começou por dizer no decorrer de uma emissão especial. “A minha família, felizmente, vem aqui ao hospital e vamos ter ali uma salinha para ter a nossa consoada. Muito obrigado às pessoas do hospital por isto."

Foi o suficiente para desencadear uma espécie de ira popular, com as críticas a não se fazerem esperar. Quão mal iria o SNS para prestar vassalagem a figuras públicas quando os serviços estão à pinha. Aproveitando o embalo da controvérsia, até a própria Maria Vieira se insurgiu. "Filas de espera nos hospitais com mais de 16 horas, doentes largados em macas nos corredores por falta de camas e o Egas Moniz disponibiliza uma «sala exclusiva para o Natal do Nuno Markl»!!! “Portugal é um país à deriva, governado por um punhado de canalhas! Que vergonha!!!”.

Detalhe técnico: Nuno Markl já não está a ser seguido no Hospital Egas Moniz, encontrando-se atualmente num privado, pelo que toda a celeuma em torno da alegada sala privada caiu por terra. Foi o próprio humorista quem se sentiu na obrigação de o explicar.

"A parte mais gira da revolta sobre uma suposta sala que o Egas Moniz me cede para a Consoada é o facto de eu ter deixado o Egas Moniz há semanas e estar, desde então, num privado onde, de facto, terei uma salinha para o Natal."

Num caso só por si complexo delicado, em que Nuno Markl precisa de tempo para se recompor e do silêncio para se proteger, os esclarecimentos em relação ao segundo AVC podem também ajudar a que se ponha água na fervura sobre um boletim clínico de uma figura pública que, devido a esse facto, está mais exposta aos gatilhos das emoções que vêm do exterior quando só precisa de um pouco de paz.

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