
A FLASH! teve uma conversa intimista com Ruben Rua onde ele se sente melhor: no Porto, o seu "ninho". O encontro aconteceu na Ribeira e Ruben lembrou a infância, feliz mas com alguns percalços, mas também a pertença aos Super Dragões, claque do FC Porto, e o preconceito que já sentiu, por causa disso. Recordou a ida para Lisboa, por amor. A força que encontra na irmã, com quem vive hoje na capital, e também os laços que o ligam a Sofia Ribeiro e o que sofreu quando soube que a ex-mulher tinha cancro de mama.
A relação próxima que tem com Cristina Ferreira desde que se conheceram quando participou no programa ‘Dança com as Estrelas’, também foi assunto de conversa. Não nega a proximidade crescente e percebe os rumores que correm sobre um possível namoro entre os dois. Não sabe o que o futuro lhe reserva mas acredita que algo surgirá, na apresentação, apesar de ainda não ter qualquer novo projeto definido para 2017. Até lá, podemos continuar a vê-lo no programa ‘What’s Up – Olhar a Moda’, na RTP2.
Fale-nos do seu Porto.
Nasci no Porto e vivi no Porto a maior parte da minha vida. Vivi aqui até aos 19 anos e é, nessa idade, que começo a viajar como modelo, ainda que o Porto fosse sempre a minha base. Era sempre necessário vir cá ver a minha família, os meus amigos, sentir as minhas raízes e, depois, tornar a ir. Só vou para Lisboa com 23 anos mas, até hoje, aos 29, o Porto continua a ser o meu ninho. Venho cá muitos fins de semana. O Porto, emocionalmente, é muito importante para mim.
Como é que foi a sua infância?
Muito feliz. Na altura, a minha mãe tinha um infantário na Maia, o Pimpolho, mas morávamos no Amial. Estudei no Colégio Luso-Francês, que era em frente à minha casa, e por volta dos 12 anos os meus pais mudaram-se para a Foz. Foi uma altura mais complicada da minha infância.
Como assim?
Porque encontrei uma forma diferente de estar na vida. Não foi fácil adaptar-me aos aos tios, às tias, dar só um beijinho… Tive problemas de adaptação na escola. Ainda por cima, fiquei sem os meus amigos habituais, fiz outros, mas as crianças nem sempre são boazinhas. Quando comecei a ter boas notas houve alguma inveja e hostilidade, ao ponto de eu pedir aos meus pais para sairmos da Foz e voltarmos para o Amial.
Lembra-se dos passeios com os seus pais?
A parte que recordo com mais carinho da minha infância é estar na quinta dos meus bisavós, em Paranhos da Beira, em Seia. No verão e no Natal, a família toda ia para aquela casa. Todos os dias o padeiro ia lá entregar cerca de 100 pães! Era uma casa gigante e essa é, sem dúvida, a melhor recordação da minha infância: estarmos todos juntos, em família. Tínhamos um tanque com água gelada, que era uma piscina olímpica. Ao lado, havia um campo e saltávamos um muro para ir para lá jogar à bola. Era muito saudável. Não havia Facebook, nem Instagram. Havia bolas de futebol e fisgas! Nem discotecas havia, íamos ao café à noite.
Como é a sua relação com a sua irmã, mais nova três anos?
Fazia e faço o papel de irmão mais velho. Sou altamente protetor e altamente exigente. Nem sempre demonstro o total amor que tenho pela minha irmã, apesar de ela saber que é uma das pessoas mais importantes da minha vida e que farei tudo o que puder pela felicidade dela.
Então, é reconfortante que ela também more em Lisboa?
A minha irmã mora comigo. Ela sempre ficou aqui no Porto, mas quando vai fazer mestrado decide ir para Lisboa. Eu estava sozinho, tinha um quarto, não fazia sentido ela ir para outra casa. E assim é, até hoje.
Acabam por se apoiar muito.
Repare, eu fui para Lisboa sozinho, para ir ter com a Sofia [Ribeiro]. Quando fiquei sem a Sofia continuei sozinho, sem qualquer família em Lisboa, apenas com alguns amigos, e hoje, eu e a minha irmã, somos o suporte um do outro.
Quando vem ao Porto, quais são os locais onde volta sempre?
Gosto muito de estar em casa dos meus pais. Aqui no Porto saio pouco, porque tenho tempo para descansar, enquanto em Lisboa a minha vida é altamente agitada. E gosto muito de ir ao Estádio do Dragão!
Aliás, faz parte da claque do FC Porto.
É verdade! Já há muitos anos que gosto de acompanhar o FC Porto com a claque.
Nota que há o estigma de que, nas claques, só existem maus rapazes?
As claques têm bons e maus rapazes, como em todos os grupos, associações, empresas e outros locais que frequentamos, na nossa vida. Em todos eles, existem pessoas que vale a pena conhecer, ou não. A claque acaba por ser um espelho da sociedade: há de tudo. Há gente de todos os estratos sociais, de todas as profissões – lícitas ou ilícitas –, há desempregados, advogados, médicos, enfermeiros, quem não faz coisa nenhuma… Assim como também há quem não se saiba comportar nem na claque, nem em local nenhum.
Já sentiu esse estigma?
Já. O julgamento existe. Algumas pessoas acham que as claques só têm rapazes maus e acham estranho que os bons também lá estejam. Sempre que posso, porque o trabalho nem sempre o permite, gosto de acompanhar assim o meu clube. E mais: acho que na vida não devemos esconder as nossas paixões, por causa do politicamente correto.
O Ruben licenciou-se em Ciências da Comunicação. Como é que lida com o facto de muitas pessoas ainda olharem para os modelos como pessoas pouco inteligentes?
Aceito porque isso pode ter algum fundamento: quando se abraça uma carreira de modelo muito cedo é preciso abdicar de uma vida académica. Comecei a viajar com 19 anos, mas há meninos que começam com 15 ou 16. Cabe ao próprio manter-se intelectualmente vivo e perceber os ‘timings’ de voltar aos estudos. Durante as viagens pode ler-se, aprender línguas, agora com o e-learning é tudo mais simples. Mas dá trabalho. Custa! No entanto, acredito que me será sempre útil, até na minha vida como apresentador.
Como é que conheceu a Cristina Ferreira?
Conheci a Cristina Ferreira em 2014, durante o programa ‘Dança Com as Estrelas’. Na altura, demo-nos bem e ficámos amigos. Fomos falando, mas nunca manifestei interesse em nada [apresentação]. Gostava dela, sempre achei a Cristina uma mulher absolutamente fantástica, exemplar, uma referência, e uma pessoa com um padrão de educação, e profissional, muito semelhante ao meu. Eu achava que era uma máquina, até ter conhecido a Cristina Ferreira. Aliás, no dia do lançamento do meu livro, ‘Podes Ser Tudo’, fiz um ‘post’ a dizer: "Quando for grande, quero ser como tu".
Admira muito a Cristina?
Sou tão exigente comigo que sinto alguma dificuldade em sentir admiração por outras pessoas. E sinto-me fascinado com a Cristina Ferreira! É uma pessoa absolutamente inspiradora!
Como é que surgiu o convite para ser apresentador, ao lado da Cristina?
Eu comecei na RTP 2, em outubro de 2014, no ‘What’s Up – Olhar a Moda’. Em maio, recebi uma chamada numa quarta-feira, e dizem-me que a Cristina Ferreira tinha escolhido a Rita Pereira e eu para sermos os repórteres e apresentarmos o programa com ela, no Oceanário. A minha resposta – sim – foi quase imediata.
Como é que correu esse dia?
O direto, tecnicamente, correu muito mal. Entrámos no ar praticamente uma hora depois do previsto. Trabalhei sem auricular, entrei no ar sem saber que estava no ar. Tudo me aconteceu naquela tarde, mas sobrevivi. Superei a prova e a oportunidade que a Cristina Ferreira e a TVI me deram naquele dia. A nossa relação profissional foi crescendo e fomos apresentando outras coisas juntos. Pessoalmente, fomo-nos tornando cada vez mais próximos.
Há algum projeto, em televisão, para si?
Para já continuo com a RTP2, com o ‘What’s Up’. A TVI tem-me dado muito mediatismo e muito público, mas não esqueço que foi a RTP2 que me deu a primeira oportunidade. Vou estar até que os dois canais permitam que assim aconteça. Em concreto, não tenho nenhum formato apalavrado para o próximo ano. A minha intuição, que me tem levado longe, diz-me que vai acontecer. O quê, ou quando, não sei.
Como é que o Ruben e a Cristina gerem o facto de surgirem rumores de que são namorados ou da possibilidade de isso poder vir a acontecer?
Com naturalidade. Temos que nos pôr na posição dos outros e perceber porque é que as pessoas acham isso. O que vejo é uma mulher muito bonita e que tem um país inteiro a querer juntá-la, casá-la, e que isso é normal. É a visão romântica portuguesa, de uma vida perfeita e, no caso dela, parece só faltar isso.
E do homem bonito que também está solteiro.
E um rapaz que também está solteiro, que teve um casamento que não resultou e que também está há muito tempo sozinho. Portanto, os dois, como aparecem tantas vezes juntos, são solteiros e dão-se, de facto, muito bem e são muito cúmplices, íntimos e gostam muito um do outro, há essa vontade em juntá-los. Aceito e percebo isso.
E seria possível vir a surgir um romance entre vocês?
Não sei o que é que me está destinado com a Cristina. Hoje a Cristina é uma enorme amiga e uma pessoa de quem gosto muito. Uma pessoa que quero próxima de mim, que me faz bem. E não são muitas as pessoas que me fazem tão bem. Tenho a certeza que a Cristina será para sempre! Ela é um exemplo, motiva-me, faz-me bem à alma estar com ela. Hoje somos amigos; amanhã, sinceramente, não sei!
No livro, que acaba de lançar, ‘Podes Ser Tudo’, falou de muitos aspetos da sua vida. Porquê?
Falei sobre tudo porque quando faço as coisas, ou faço ou não faço. Porque o Ruben é o do "Dança…", da Sofia Ribeiro e o apresentador; mas há um Ruben que nasceu em 1987 e que está profissionalmente vivo desde 2005. O livro não é só um livro de trabalho, porque a minha vida não é só isso. O que houve foi um relato dos últimos 11 anos da minha vida. E houve algumas questões emocionais que tinham que estar no livro, que não podia ocultar ou fingir que não existiram; o bom e o menos bom. É a história de um ser humano.
Falou, até, do seu casamento com a Sofia.
Se calhar, se tivesse escrito o livro há dois ou três anos, não estaria emocionalmente disponível para falar sobre a Sofia e sobre o nosso casamento. Acabei por, sem revelar a nossa intimidade, falar num assunto que foi muito importante na minha vida. Não me casei por acaso e não me divorciei por acaso…
Teve uma conversa com ela sobre o que iria escrever?
Claro que sim. Por isso, a Sofia escreveu um depoimento muito bonito no livro. E só ela poderia tê-lo escrito. Porque eu fui para Lisboa para estar com a Sofia. Não fui para Lisboa para ser manequim. Neste caso, a Sofia confiou em mim, como eu confio nela, e confiei sempre.
Como é que se sentiu quando soube da doença da Sofia?
Nunca abordei o tema do cancro (pausa)... Ninguém fica indiferente a uma situação tão delicada como um cancro, goste-se da pessoa ou não. Sou próximo da Sofia, sou o ex-marido, e, como é evidente, acompanhei a Sofia tal como, se fosse comigo, ela me teria acompanhado a mim. Mas prefiro não falar mais nisso.
Teve medo?
Uma situação de risco deixa-nos muito apreensivos apesar de, desde o primeiro minuto, porque conheço a Sofia e sei a garra que aquela mulher tem, ter tido a certeza que as coisas iriam correr bem, como correram. E acompanhei-a como tinha de acompanhar. Ponto.
Para finalizar, em 2017 vamos, também, vê-lo no cinema.
Sim! Faço o Gonçalo, no filme, ‘O Leviano’, que só estreia no próximo ano. Acho, mesmo, que podemos ser tudo o que quisermos. Houve um dia em que, no mesmo dia, fui modelo, booker, ator e apresentador!