"E se eu morrer hoje? E se morrer hoje?…não de corpo, mas dessas mortes silenciosas que ninguém sabe porque ninguém vê?", começa assim a longa partilha feita por Catarina Camacho nas redes sociais e que faz com que alguns dos seus seguidores se preocupem.
A antiga apresentadora da RTP continua: "Quantas vezes já morremos assim, vivos e de pé, e ninguém reparou? Nem nós. Em silêncio, com a luz da cozinha ainda acesa e a loiça por lavar. Pequenas mortes escondidas. Acho que morremos no exacto instante em que o coração perde a vontade e se cansa de sentir, mas continuamos a existir porque a vida exige presença, mesmo quando já não há nada para dar."
E recorda: "Hoje, voltei a pensar naquele dia. O dia em que encostei o carro na via rápida. As mãos tremiam. Saí. Não sei explicar porquê.Talvez porque ficar era pior. Caminhei até ao penhasco. Sem perguntas nem respostas. E lá estava ele. Um homem. Um desconhecido com a vida partida nos olhos. A querer cair. Quase a desistir. Por um instante, o mundo inteiro coube ali — entre o corpo dele e o vazio do nosso silêncio."
E considera: "Se fosse hoje, talvez não ficasse atrás. Talvez me sentasse ao lado. Com as pernas penduradas no nada e os olhos no abismo. Não para o salvar. Não para o seguir. Só para lhe dizer, sem palavras: 'eu sei. eu também já estive aqui'. Nada disto é sobre penhascos, quedas ou tragédias. Talvez seja apenas sobre o tempo… sobre horas iguais vividas em corações diferentes. Sobre os dias em que morremos por dentro mas continuamos a pôr o despertador para amanhã", explica Catarina Camacho.
E termina esta partilha: "E se eu morrer hoje??Talvez ninguém repare.?Ou talvez — por instinto, por sorte, por ternura e empatia — alguém se sente ao nosso lado. Não para nos salvar. Apenas para coexistir no mesmo silêncio."