
A fazer fé nas palavras de Daniel Oliveira, vem aí um reality show com características para concorrer com o líder 'Big Brother'. 'A Quinta', com estreia agendada para 7 de janeiro - mesmo dia que 'BB Desafio Final' - não é como a 'Quinta das Celebridades', não é como o sucesso brasileiro 'A Fazenda', mas também não um 'Quem Quer Casar com o Agricultor?', previamente gravado. Então o que é?
Aí está o mistério que Daniel quer manter, uma vez que o formato original terá sido adaptado às características do mercado português, na tentativa de garantir a frescura que a SIC tanto necessita depois de um ano a repetir modelos testados. Conduzido por Andreia Rodrigues (remetendo o espetador para a sua prestação n’ 'O Agricultor') pode ser a grande surpresa desta rentrée de janeiro das estações... ou a grande dor de cabeça para Francisco Pedro Balsemão (CEO do Grupo Impresa, dona da SIC), que acabou digerir ter perdido milhões com uma novela e um "projeto omnicanal", como lhe chamou, de nome 'Papel Principal', obrigado a um fim antecipado devido às audiências que comprometiam a estratégia do canal.
Os resultados de 'A Quinta' dependerão do fator surpresa e o encantamento que poderá despertar sobre os espetadores, já que irá concorrer diretamente com 'Desafio Final', conduzido por Cláudio Ramos – e não Cristina Ferreira, que transita para os sábados com 'Dança com as Estrelas' – e que pode ser um "presente envenenado" para o apresentador do BB 2020, regressado com este projeto ao género reality show. Ou seja, no que toca a realities, o ano começa com uma luta "assanhada".
Enquanto isso, Cristina traz para os sábados o seu amigo de verão, Bruno Cabrerizo, para co-apresentar Dança com as Estrelas, garantindo o interesse sobre a vida privada na exploração da imagem "casal" num programa da estação. Concorre com o já conhecido 'A Máscara', sucesso entre o público juvenil. E aqui, a SIC tem razões para se preocupar pois, embora A Máscara arranque com uma semana de avanço (estreia dia 1, segunda-feira), a verdade é que o rival da TVI é um peso pesadíssimo que pode estragar as contas do fim de semana da SIC.
AS NOVELAS E O REGRESSO AO PASSADO
Serve tudo isto para explicar que SIC e TVI entram em 2024 a jogar pesado... e ao mesmo tempo de forma conservadora. Se os reality shows e o entretenimento familiar estão concebidos não para surpreender mas para garantir números, nas novelas, essa visão pragmática do que é o produto que se oferece ao espetador está ainda mais visível.
A TVI estreia em janeiro (assim está previsto) 'Cacau', uma produção que nos transporta para os grandes cenários e dramas familiares, no seguimento dos tradicionais e bem sucedidos modelos sul-americanos. A trama, assinada por Maria João Costa (vencedora de um Emmy) passa-se entre o Brasil e Portugal, e tem o novo menino bonito da TV – cuja popularidade "explodiu" em 'Rabo de Peixe', José Condessa, como protagonista. Uma produção com o carimbo de José Eduardo Moniz, diretor-geral da TVI, que irá concorrer com 'Mar Aberto', a substituta de 'Papel Principal', com os Açores como cenário e um elenco de peso.
Aqui, sim, a SIC debate-se com um problema: tempo. A novela está atrasada nas gravações - uma vez que Papel Principal teve fim antecipado – e a estreia pode tardar... o que não ajuda na guerra do horário nobre, onde a informação tem ditado as regras. Mas esse é tema... ainda a tratar.