A "ciência das previsões", tal como o nome indicia tem base científica. Parece contraditório pois tudo que seja prever e antecipar o futuro parece ser cada vez mais um ato isolado e até frustrado, tantas são as premissas que o mundo à nossa volta nos dá (basta recordar a maioria dos previsores que antecipavam com total naturalidade a vitória da democrata Hillary lá pelos EUA…).
Portanto, nesta matéria, tudo parece pertencer ao domínio do empírico e só por mera coincidência se acerta. Só que não é assim, ou seja, existem avançados estudos, em particular a investigação desenvolvida por Philip Tetlock que esteve recentemente em Portugal e simplesmente afirmou que um cidadão comum pode ser um supervisor e superar poderosos computadores que processam milhões de bit´s por segundo, podendo mesmo antecipar a possibilidade de ataques terroristas, apagões à escala global ou outros fenómenos extremos que normalmente ceifam muitas vidas. Aquilo que até agora tem estado no mais puro domínio especulativo da ficção científica.
É evidente que esta base científica não deixa de poder contar com o talento de cada um e nada é infalível mas, de alguma forma e por estranho que pareça, estamos também a voltar aos tempos mais antigos, onde os mais velhos eram socialmente respeitados não por simplesmente conhecerem o passado mas porque esse passado permitia antecipar com segurança o futuro dos mais novos pois tudo mudava muito devagar.
Agora, muda tudo muito depressa mas a nossa dependência direta e indireta do digital permite a "arte" de sabermos que os comportamentos e ações são mais previsíveis.
Vivemos em rede, apesar de estarmos cada vez mais dependentes dos nossos comportamentos individuais e também dos outros. Um paradoxo mas não deixa de ser a realidade.
