
A cerimónia dos Óscares da noite deste domingo foi, de facto, diferente das restantes, como obrigou as limitações impostas pela pandemia, no entanto a festa de Hollywood não deixou de ser feita, mesmo que num ritmo mais lento do que o tradicional. Liderada pelos dezoito apresentadores que deram cor ao espetáculo, num evento que teve como objetivo assimilar-se a um filme, alterando o formato normal – e pondo de parte os habituais pedaços de ‘stand-up’ – e transformando-o mais numa pequena festa (ainda mais) privada transmitida para todo o mundo.
E fez-se a festa não só no Dolby Theatre e na Union Station, em Los Angeles, mas também em Londres, Paris, Roma, Praga, Sídnei e Seul – na capital sul-coreana, surgiu Bong Joon-ho, realizador de ‘Parasitas’, a apresentar o vencedor em inglês e sul-coreano, ao lado de uma intérprete – simbolizando a extensão da festa dos Óscares para lá do recinto de Hollywood, tornando a necessidade de a diversificar geograficamente numa componente adicional do espetáculo, contribuindo com um brilho distinto à festa, num rol que teve como premiados profissionais vindos de países tão diversos como Noruega, Dinamarca, China, Coreia do Sul, França ou Reino Unido.
Diversidade essa que não foi só geográfica: Chloé Zhao tornou-se a primeira mulher asiática a vencer o Óscar de melhor realizadora, e o seu ‘Nomadland – Sobreviver na América’ foi o grande vencedor da noite dos Óscares, tendo levado para casa a estatueta de melhor filme, assim como a de melhor atriz principal, através de Frances McDormand. Já ‘Mank’, a grande aposta da Netflix realizada pelo incontornável David Fincher apenas se ficou pelos prémios técnicos (design de produção e fotografia), apesar de ter chegado como o filme com mais nomeações. A amplamente aclamada interpretação de Anthony Hopkins no filme 'O Pai' foi considerada merecedora da estatueta de melhor ator principal, com o ator veterano a não ter marcado presença no evento, conduzindo o evento a um final anticlimático, dado que se tratou da última categoria a ser anunciada, quando muitos esperavam que a alteração da ordem apontasse para uma coroação póstuma de Chadwick Boseman.
Por outro lado, os prémios para ator e atriz secundários foram para o (relativamente) jovem Daniel Kaluuya por ‘Judas e o Messias Negro’, que incluiu o ativista que interpretou, Fred Hampton, na sua lista de agradecimentos, e para a veterana sul-coreana Yoon Yuh-jung, por ‘Minari’, cujo elevado reconhecimento local se transformou agora em global, notando-se humildade a rodos no seu discurso – "como é possível ganhar à Glenn Close, vejo os seus filmes há tantos anos?", interrogou-se, após a norte-americana sair do recinto de mãos a abanar pela oitava vez nas cerimónias da Academia.
Finalmente, o filme dinamarquês de Thomas Vinterberg, ‘Mais uma Rodada’, conquistou o Óscar de melhor filme internacional, com o seu realizador a fazer uma sentida dedicação a Ida, a sua filha que faleceu num acidente de viação em 2019. ‘Soul: Uma Aventura com Alma’ cumpriu as expetativas e conquistou a estatueta para o melhor filme de animação, enquanto que ‘A Sabedoria do Polvo’, a história da ligação de um homem e um polvo, que, através da Netflix, aqueceu os corações de muitos nas últimas semanas, ganhou na categoria de melhor documentário.
Confira em baixo a lista dos vencedores dos principais prémios:
Melhor filme – ‘Nomadland – Sobreviver na América’
Melhor realizadora – Chloé Zhao (‘Nomadland – Sobreviver na América’)
Melhor ator principal – Anthony Hopkins ('O Pai')
Melhor atriz principal – Frances McDormand ('Nomadland - Sobreviver na América')
Melhor ator secundário – Daniel Kaluuya (‘Judas e o Messias Negro’)
Melhor atriz secundária – Yoon Yuh-jung (‘Minari’)
Melhor argumento original – Emerald Fennell (‘Uma Miúda com Potencial’)
Melhor argumento adaptado – Christopher Hampton e Florian Zeller (‘O Pai’)
Melhor filme internacional – ‘Mais Uma Rodada’ (Dinamarca)
Melhor filme de animação – ‘Soul: Uma Aventura com Alma'
Melhor documentário – ‘A Sabedoria do Polvo’
Melhor banda sonora – ‘Soul: Uma Aventura com Alma’
Melhor música original – H.E.R - ‘Fight for You’ (‘Judas e o Messias Negro’)