
A água pode tornar-se uma arma nefasta da crise climática, exacerbando o seu impacto negativo pelo mundo, através do agravamento das secas e das cheias, de acordo com o relatório de 2021 publicado pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Com a terra a aquecer pelo menos mais 1,5 graus Celsius nos próximos tempos, o aumento da temperatura conduzirá a alterações profundas no ciclo da água do planeta: isto porque as zonas húmidas se humidificarão mais – o documento concluiu que a precipitação extrema se intensifica 7% a cada grau centígrado de aquecimento global – e as zonas áridas vulnerabilizar-se-ão ainda mais às secas.
Secas essas que levarão a que os incêndios se tornem mais comuns, uma aferição particularmente relevante num verão em que países do Mediterrâneo, nos quais se inclui Portugal, mas também a Grécia e a Turquia sofreram de forma irrefutável com este fenómeno, nos primeiros dias de agosto: o país helénico perdeu 115 mil hectares de floresta, devido a fogo posto, enquanto que a Turquia viu as regiões turísticas de Antalya e Mugla a serem algumas das mais afetadas em incêndios que fizeram desaparecer mais de 160 mil hectares, por causa das temperaturas extremamente elevadas, atingindo inclusive os 49 graus Celsius.
Recordar que também as cheias foram infelizes protagonistas no continente europeu este verão, tendo vitimado mais de 180 pessoas só na Alemanha, e mais de 100 entre Turquia, Bélgica, Roménia, Áustria e Itália, afetando ainda a França, o Luxemburgo, o Reino Unido e os Países Baixos, entre outros territórios, num evento que levou a chanceler alemã, Angela Merkel, a exclamar que se torna cada vez mais imperativo que os teutónicos acelerem a sua luta contra a crise climática.