Quem vê as lágrimas de Margarida Tomás cairem pelo rosto magro, nos momentos mais emotivos das galas 'Big Brother Famosos', no estúdio da Venda do Pinheiro, percebe o que aquela mãe já passou. Não é só defender "o seu" - o filho, Bernardo Sousa, concorrente e preferido à vitória no reality show da TVI. É mais do que isso: é uma vida de luta, de conhecer o melhor, frequentar a alta sociedade da Madeira, e depois passar por um divórcio, dar a vida pelo filho e tudo fazer para o tirar do abismo onde caiu quando tudo correu mal.
A história de Bernardo foi largamente relatada assim que entrou no programa. Foi piloto de ralis durante anos, fez os grandes circuitos, namorou famosas da nossa praça - que entretanto então casadas e felizes. Depois, quando parecia viver um sonho, foi apanhado nas teias da cocaína. Isso obrigou-o a retirar-se e tratar-se. Foram os tempos do inferno. E hoje está bem. Com a mãe sempre ao lado, nos melhores e piores momentos.
Mas quem é, na verdade, Bernardo. De onde vem? Qual o poder real da sua família na Madeira?
Recoste-se e venha daí que nós vamos contar tudo.
O "BETO MIMADO" DE UMA FAMÍLIA COM DINHEIRO E PODER
Quando acorda na casa 'Big Brother' ao som de música pimba, Bernando tapa os ouvidos e explica que está a proteger "os tímpanos". Sobre o prémio final, já disse que, a ganhar, o entrega a Marie - que precisa mais do que ele. A namorada (ou candidata a namorada) descoberta no programa confessou que ele é "um pouco mimado"... e estava a ser querida. Bernando não anda a contar a sua vida pela casa nem fala do dinheiro da família. Se calhar porque não é preciso para quem estiver atentou às entrelinhas. Mas até que ponto a família é um das mais influentes da Madeira?
Vamos por partes.
Na Madeira não há quem não conheça Ricardo e Luís Miguel Sousa. São, respetivamente, pai e tio de Bernando. O segundo é um dos homens mais poderosos da ilha, controlando operações de fretes portuários e transportes marítimos. Na verdade é o maior armador português, grande mentor do afamado Grupo Sousa, que detém mais de 70 empresas conhecidas e fatura mais de 100 milhões de euros ao ano. Além disso tem ainda investimentos turísticos na ilha e no continente.
O irmão, Ricardo, pai de Bernardo, segue os passos. Por isso não teve problemas em financiar a grande paixão do filho: as corridas. Depois de se ter consagrado campeão nacional de ralis, Bernardo convenceu o pai a apostar na sua carreira internacional.
Em 2010 Bernardo comprou um Ford Fiesta S2000 e apostou tudo no circuito mundial de ralis para automóveis Super 2000 ou SWRC. Só que nem tudo correu bem: as prestações foram bastante modestas e os gastos acumulavam-se, mês após mês, e sempre sem retorno.
Em 2012, quando o pai Ricardo fez contas à vida, o sonho do filho esboroa-se: afinal já tinha queimado mais de um milhão de euros com a atividade profissional. Assim, Bernardo é obrigado a vender o Fiesta S2000 para o Paraguai e tenta encaixar-se numa equipa internacional. Sem sorte, de novo.
ASCENÇÃO E FIM DE UM SONHO
Só que quando uma coisa mal, todas parecem seguir o exemplo. Depois apostar tudo no filho, eis que os negócios turísticos do pai começam a ir por água abaixo. Em 2016 surge a notícia de que o seu luxuoso resort da Quinta do Lorde, no Caniçal, estava à beira da falência. Ricardo Sousa, que detinha 10% do império da família milionária da ilha, tinha-se aventurado a construir, perto da Ponta de São Lourenço, numa simpática enseada no Caniçal, um resort de 5 estrelas com 111 quartos, um conjunto de 103 apartamentos e 23 moradias, uma marina, capela privativa e salões para casamentos. O empreendimento chegou a conquistar, em 2016, o galardão mundial para "Melhor Hotel Verde de Portugal", atribuído pelos World Travel Awards. Mas não resistiu à crise e aos gastos. Fraca ocupação, baixa rentabilidade, falhas nos pagamentos dos ordenados e aos fornecedores, muitas críticas. O que parecia ser o paraíso na Terra implode.
E a coisa agravou-se ainda mais nesse ano: fartos de não verem o retorno dos mais de 100 milhões de euros que emprestaram ao empresário Ricardo Sousa e aos seus sócios, BPI e Novo Banco entram com um processo de insolvência. O pai de Bernardo ainda tenta um PER (Plano Especial de Revitalização) da empresa, mas, em julho de 2018, a justiça decreta a insolvência e tira ao empresário o controlo do resort. Fatura final: um buraco de 114 milhões de euros.
Resultado: quando o escândalo da falência do resort Quinta do Lorde ameaçava manchar a reputação da família Sousa, Luís, o irmão e CEO do grupo, propõe a Ricardo uma saída airosa do capital do mesmo, em troca de um cheque de 9 milhões de euros. Hoje, segundo fonte residente na ilha, "o pai do Ricardo faz uma vida mais pacata, mas é muitas vezes visto em almoços, jantares e festas com vários empresários e políticos da Madeira."
Mas voltemos ainda atrás, porque os problemas dos Sousa não terminaram com o "cheque da retirada discreta". É que em 2019, um membro da família volta a ser notícia pelas piores razões. E desta vez a "vítima" é Bernardo. O piloto é apanhado num controlo antidoping a cocaína numa prova nos Açores e fica suspenso das competições durante dois anos. Foi aos 32 anos. É a descida de Bernardo aos infernos.
A MÃE QUE NUNCA O ABANDONOU
Quem vai buscar Bernando para o tirar "do poço"? A mãe, claro. Margarida Tomás nunca abandonou o filho, esteve sempre a seu lado. Foi ela que o "tratou", que lhe devolveu o amor próprio e que o convenceu a candidatar-se ao reality show da TVI - algo que o filho considerava impensável até então. Cedeu, concorreu, e agora arriisca-se a ganhar o programa e dar o tal prémio final a Marie.
Para conseguir o feito conta com um exérciro de ‘bernardetes’ - como já lhe chamaram outros concorrentes - lideradas, obviamente pela mãe galinha Margarida. Se conseguirá o objetivo de defender o filho e vê-lo no topo saberemos já no sábado. O que se seguirá e de que forma o programa poderá relançar a carreira... é mais difícil de prever. Embora para um sobrevivente não haja limites para se manter à tona.
