
No canal de Queluz de Baixo a diretora de Entretenimento e Ficção é apelidada como "dona disto tudo", fruto do poder que exerce em todos os campos da empresa. Mesmo que não tenha competências hierárquicas para o fazer. "Fazer a gestão de uma empresa não é fácil", disse Cristina na Rádio Comercial, assumindo o cargo de acionista... que na verdade ainda não tem.
De acordo com a TV Guia, e apesar de ser palavra comum associá-la à compra de 2,5 por centro da Media Capital – onde diz que investiu todas as suas poupanças [mais de 1,4 milhões de euros] – , a verdade é que Cristina Ferreira "apenas" celebrou um contrato de promessa de compra (shares sale and purchase agreement), a 4 de setembro, através da empresa que tem com o pai, a DoCasal Investimentos, de 2,5 milhões de ações, mas ainda não adquiriu nenhuma.
Nem ela nem os outros investidores anunciados, como o grupo Triun, (filho de Avelino Gaspar, proprietário do grupo Lusiaves), o grupo das tintas CIN, Tony Carreira, Pedro Abrunhosa ou Lourenço Ortigão, entre outros.
Ou seja, conforme explica o contrato assinado "a referida compra e venda encontra-se sujeita a determinadas condições suspensivas, da verificação das quais depende a realização da transação". Até ao momento, de acordo com documentos oficiais, a estrutura acionista da Media Capital, que pode ser comprovada no site da empresa, ainda tem a Vertix (Grupo Prisa) com 64,47% do capital, seguindo-se a Pluris (de Mário Ferreira) com 30,22% (pelos quais pagou 10,5 milhões de euros) e depois 5,05% pertença da NCG Banco e por fim 0,26% de capital disperso. Na realidade Cristina Ferreira ainda não é dona de rigorosamente nada na TVI.
Para além disso, o negócio está debaixo de forte pressão e pode ser "chumbado". Ao final da última sexta-feira, dia 9, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que analisou estas intenções de compra, considerou que o acordo parassocial entre a Prisa e Mário Ferreira (que proíbe a Prisa de vender a outros interessados que não os indicados por Mário Ferreira) configura um exercício concertado de influência sobre a gestão da dona da TVI. O supervisor entendeu, preliminarmente, que existiu "um exercício concertado de influência",obrigando ao lançamento de uma OPA pela Pluris.
Desde a notificação desta decisão, começou a contar um prazo de 10 dias para Mário Ferreira contestar e tentar travar a obrigatoriedade de uma OPA à Media Capital. Traduzindo, Cristina Ferreira pode vir a perder tudo... o que ainda não tem, mas sonha ter e que a fez virar as costas à SIC a 17 de julho. Uma rescisão unilateral que levou a empresa de Francisco Pinto Balsemão a exigir o pagamento de uma indemnização de 20 milhões de euros, por incumprimento de contrato que vigorava até 2022.
Pode ler o artigo completo na edição desta semana da TV Guia, já nas bancas.