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12 anos depois de terem perdido Angélico, os D'ZRT estão de volta. Recordações, dor, medos e sonhos: as confissões de Cifrão, Vintém e Edmundo

Dentro de poucas horas, a boyband nascida em 'Morangos com Açúcar' volta a subir ao palco. Mais velhos, com um elemento a menos desaparecido de forma trágica num acidente de automóvel, mais fortes, com filhos e outros receios. Estão aqui todas as confissões que todos querem ouvir.
Hugo Alves
Hugo Alves
27 de abril de 2023 às 22:34
D'ZRT
D'ZRT Foto: Cofina Media

Faltam poucas horas. Para muitos fãs o relógio certamente parece não andar. Mas após muitos anos à espera, os fãs dos D'ZRT vão finalmente poder matar saudades da banda que os acompanhou enquanto cresciam. É já dia 29 que o Altice Arena recebe o primeiro de quatro concertos esgotados da banda. Os primeiros quatro de 12... espalhados entre Lisboa, Porto, Guimarães e Faro.

D'ZRT
D'ZRT

Edmundo Vieira, Paulo Vintém e Victor Fonseca - hoje mais conhecido por Cifrão - vão voltar a juntar-se em palco. Para a fórmula ser perfeita só falta o malogrado Angélico, falecido a 28 de Junho de 2011, depois de um acidente grave a caminho de Lisboa três dias antes. O músico vinha do Porto, a caminho da 'Morangomania', um espetáculo habitual nos verões da TVI. Foi este acidente que ditou há 12 anos que os D'ZRT parassem em definitivo. "Não havia quaisquer condições para continuar", revelava então Paulo Vintém. Perder um amigo era a machadada final num grupo que estava parado há dois anos, mas que os fãs, sonhavam que se voltasse a reunir. Estava quase tudo encaminhado para que esse dia, na 'Morangomania' pudesse ser a faisca que faltava...mas um desastre de carro, travaria todos o planos.

O grupo, de resto, estava parado desde o ultimo concerto no Altice Arena em 2009. Dois anos antes os quatro amigos que se haviam conhecido na segunda temporada de 'Morangos com Açúcar', tinham parado para poderem ser eles mesmos. Tinham sido quatro anos entre a estrada, o estudio, os cenários da novela e os especiais da TVI. Quatro anos, que começaram em 2004 de loucura completa com salas cheias quase desde o primeiro segundo. "Acho que sobrevivemos além da novela porque tinha que ser. Houve desde o início ali qualquer coisa entre nós", contava Cifrão no mais recente encontro com a imprensa.

Pelo caminho ficaram três albuns ('D'ZRT', 'Original' e 'Project') e muitas canções que ainda hoje todos sabem de cor: 'Verão Azul', 'Para Mim Tanto Me Faz', 'Voltar', 'Feeling', 'A Tua Vez Já Passou', 'Caminho a Seguir'...entre tantas e tantas outras. 

Pelo caminho ficaram três albuns ('D'ZRT', 'Original' e 'Project') e muitas canções que ainda hoje todos sabem de cor: 'Verão Azul', 'Para Mim Tanto Me Faz', 'Voltar', 'Feeling', 'A Tua Vez Já Passou', 'Caminho a Seguir'...entre tantas e tantas outras. 

Mas o acidente de 2011 travou tudo. E desde então parecia que os D'ZRT...não iam existir mais.

Contudo desde 2019 que se adivinhava algo estava para acontecer. Aos poucos os três sobreviventes começaram a surgir juntos. Se após o acidente cada um pareceu ter seguido o seu caminho, em 2019 parecia haver algo no ar. E os fãs começaram a indagar: então quando é que os D'ZRT vão voltar? E no verão de 2022 ai estava: o anuncio do primeiro concerto. Na ideia da nada, segundo Edmundo era para ser algo "muito intimista", diz ele. "No máximo um concerto". Mas perceberam rapidamente ser impossível.

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D'ZRT: Vozes afinadas sobre o comando de Cifrão...

Decidram fazer então um único concerto mas no Altice Arena. Contudo em meros 10 minutos perceberam que seria impossível fazer apenas um. "Subitamente era o Cifrão ao telefone com os donos do Altice para ver o que se podia fazer...", relembra Edmundo. Aos poucos a dimensão das coisas foi aumentando. E de repente já eram 12 concertos. "Não esperávamos...Confessamos", diz o algarvio.

O mais engraçado é que esta reunião, que os fãs pediam há muito parecia enguiçada. Afinal... não era fácil aos três elementos voltarem ao local onde tinha sido felizes não quando eram apenas três, mas quatro. Faltava ali qualquer coisa. "Nós precisámos deste tempo todo porque precisámos que esta reunião fizesse sentido. Na realidade os três falámos nisto há algum tempo. Mas percebemos que embora alguns estivessem alinhados nem todos estávamos preparados para voltar. Agora foi o momento certo", explica Vintém. Cifrão vai mais longe. "Nós nunca tínhamos estado em acordo. Eu durante um tempo fui o travão", diz sem medo."Especialmente nos últimos tempos. Achava que não estávamos preparados emocionalmente. Mas depois...houve ai uma altura em que nos juntámos e fez-se um click. Não dá para explicar. O que posso por em palavras é que deu-nos saudades de pisar um palco juntos. Embora nunca esperámos que fosse nesta dimensão", continua o músico e dançarino.

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Já vimos! E a FLASH! Mostra tudo! Cifrão, Vintém e Edmundo, sem 'Nada a Temer' a preparar o concerto de dia 29 de abril

Contudo, antes de avançarem houve uma autorização obrigatória: a da mãe de Angélico Vieira, Filomena Vieira. Mena, como é tratada pelos amigos, era a pessoa que podia deitar abaixo a decisão do regresso, mesmo que temporário dos D'ZRT. Ninguém a queria magoar. Cifrão contudo garante que esta deu o aval para que seguissem em frente, prometendo apoiá-los nesta aventura, ainda que o fizesse ao longe. "Só depois disso é que avançámos", explicou recentemente o músico à TV Guia.

ENSAIAR ATÉ CAIR

O passo seguinte e depois de salas e salas esgotadas, foi a banda começar a preparar-se. Primeiro com as sessões 'encore', onde reinterpretaram alguns dos seus temas com alguns músico da atualidade, depois com pequenas aparições na televisão...que ganhou um impacto maior quando os três com Angélico em videowall, cantaram na celebração dos 30 anos da estação de Queluz de Baixo. Desde então os três não tem parado, com ensaios nonstop, e uma agenda carregada para que nada falhe no primeiro concerto que é já dia 29 (esse para que faltam apenas algumas horas).

O corpo foi o primeiro a sofrer. Os três músicos tem estado a preparar-se fisicamente para o embate que promete ser sério. "Eu outro dia sai do banho e até nem achei que estava mal", diz Cifrão aos outros. Vintém ri-se. "Temos que treinar mais...", deixa no ar...

A verdade é que passaram 12 anos. Mas eles querem fazer o mesmo que faziam quando os D'ZRT punham salas aos pulos. "A ideia é fazermos as mesmas coisas. Os mortais e tudo", diz Cifrão. "Eu acho que estamos bem preparados, fisicamente porque desde que começámos a preparar-nos fazemos os ensaios sempre a correr de um lado para o outro. Estamos a ganhar força física e 'stamina'", diz a rir. No entanto, Paulo Vintém garante que hoje há outros cuidados nesta loucura toda. Se antigamente quando quase nenhum chegava aos 30 (hoje Edmundo tem 39, Vintém 43 e Cifrão 44) "atirávamo-nos de qualquer lado para fazer mortais e saltos" hoje "já pensamos bem", garante Vintém. "Porque não queremos torcer um pé, magoar-nos... é a responsabilidade da idade", diz o músico a rir. "Afinal já somos pais..."

De facto esta é a outra novidade. Se quando a banda terminou apenas Edmundo tinha essa responsabilidade (tinha já o filho Miguel que hoje já tem 16 anos) hoje os três já são pais. Bem...não os três! Cifrão e Noua Wong só serão lá mais para o fim do ano. O casal anunciou que iam ser papás há pouco menos de um mês mas ainda não revelaram o sexo da criança embora Vintém já esteja ao corrente assim como a sua namorada Marta Melro... 

Contudo, Edmundo acha que nem isso vai tirar a malandrice das fãs. Durante os anos de existência da banda, cartazes onde se podia ler: 'Zé Milho Faz-me Um Filho', ou 'Edmundo Casa comigo' ...foram habituais. Hoje... os três esperam vê-los nem que seja por tradição. "Eu acho que as pessoas não se vão esquecer", diz Edmundo. Vintém garante que as fãs podem pedir "que eu não faço mais nenhum. Já tenho uma já chega. Agora só treino", diz a brincar sobre a filha Aurora e a namorada Marta Melro.

Certo é que passados todos estes anos os três parecem ser os mesmos. Que nada mudou...

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A FLASH! foi espreitar os ensaios dos D'ZRT...e já vimos como é que eles soam a cantar 'Verão Azul'

A DOR DA AUSÊNCIA

Apesar destas brincadeiras, o grupo está nervoso. Não só com os concertos em si, mas também com o impacto emocional que vai ser estarem em palco três...e não quatro. O primeiro embate deu-se quando começaram a cantar para se prepararem para os 'encore'. Faltava uma voz. Contudo substituir Angélico estava totalmente fora de questão. "Nunca nos passou sequer pela cabeça", garante Edmundo.

Depois, mais ensaiadinhos...vieram outros dramas. "A primeira coisa foi que não nos lembrávamos de todas as estrofes de algumas músicas", confessa Vintém. "E depois foi estranho atribuir as estrofes do Angélico... porque são mesmo complicadas. Porque rapper só havia um. Foi a parte mais complicada de todo o processo", assegura Edmundo. Com essa parte resolvida- e com a ajuda de tecnologias que vão trazer o músico de volta aos tempos de hoje- chegou o momento em que perceberam que mais que a voz iam sentir a falta da presença do amigo falecido.

Angélico Vieira
Angélico Vieira

"Nós vamos ser quatro no palco...mas de forma diferente. Vamos lá estar os quatro. Tivemos muito cuidado, carinho, amor e muita atenção nos detalhes e na forma como vamos representar o Angélico. Mas estamos a trabalhar com a equipa certa. Está tudo pensado", garante Cifrão. Porém, no sábado os três sabem que as emoções vão falar mais alto. Edmundo teve essa experiência durante os ensaios. "Isso tem acontecido ao longo desta prestação. Subitamente vou ao charco", diz ele sem receio. "Nós vamo-nos habituando e percebendo esta nossa nova formação...e se nos dia a dia eu já consigo lidar com a ausência dele há momentos que ganham uma importância... e eu não aguento", diz o cantor que garante que por vezes a voz se pode embargar "não só pela dimensão do que estamos a fazer mas pela ausência de um amigo", diz sem medo sobre o malogrado Angélico Vieira.

Cifrão sabe que o mais difícil acontecerá antes de entrarem em palco, quando todos se juntarem para celebrarem esta vitória "porque vai faltar uma mão... depois vou sentir isso, vamos...quando subirmos ao palco, quando ouvirmos a voz dele. Vai ser duro, absurdo. Vamos ter que nos segurar uns aos outros. Falta uma peça fundamental, sabemos isso e sempre que nos apercebemos disso e que alguém se vai abaixo os outros vão lá estar. E tenho a certeza que o público também", diz confiante.

E DEPOIS?

Para os 12 espetáculos os três amigos e músicos garantem que vão gastar "as fichas todas". Sabem que a responsabilidade "é muito grande" mas há um sentido de confiança entre os três. Não querem é desiludir ninguém...nem o casal que já lhes garantiu que vai para o espetáculo apenas algumas horas depois de ter casado. "Eles vem da Islândia, casam cá de manhã e depois garantem-me que vão estar no Altice. É de loucos", explica Cifrão que ainda está espantado com a quantidade de fãs que mesmo tantos anos depois tem um carinho muito especial pelos D'ZRT

"O que prometemos é um espetáculo cheio de surpresas...que dura entre a hora e meia e as duas horas", assegura.

D'ZRT
D'ZRT

Então e depois? Ai está o grande enigma. O último espetáculo será apenas em Agosto, no Algarve, mas muitos já se interrogam se os três amigos vão continuar juntos depois disto. Certo...é que Cifrão assegura "que não vai haver músicas novas. Isso já foi", explica. Mas Vintém ri-se. "Não há músicas... mas pode haver outras coisas", deixa no ar. "O que vem a seguir não sabemos. O que está previsto é a tour e não estamos a pensar em mais nada. Quando terminar vamos sentar-nos e tirar elacções", garante Edmundo.

Um dos projetos que muitos falam é num documentário a revelar as histórias por detrás destes 12 espectáculos e outras coisas mais antigas. Vintém não nega que imagens não faltam. "Estamos a gravar tudo o que está a acontecer. O meu pai tem toneladas de imagens do passado e de agora. Logo se vê. Mas vamos ter muitas novidades...", deixa no ar antes de os três se despedirem.

Agora...é deixar os últimos minutos passarem...

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