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A dolorosa confissão do padre de Ricardo Salgado: "Quer que isto acabe para poder viver e morrer em paz"

Avelino Alves diz que restam aos Espírito Santo poucos planos para o futuro. À FLASH! diz qual é a verdadeira condição de saúde do ex-banqueiro e o que o move a seguir em frente.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
10 de dezembro de 2024 às 08:39
padre Avelino Alves
padre Avelino Alves Foto: Pedro Ferreira / Medialivre

Aos 80 anos, não há muito que reste da vida como os Espírito Santo algum dia a conheceram. Entre o muito que se foi e o pouco que ficou, há ainda outras questões que fazem com que a realidade dos dias de hoje seja necessariamente mais triste para Ricardo Salgado e para a mulher, Maria João.

Um assunto amplamente discutido nos últimos tempos prende-se com a saúde do ex-banqueiro. Está doente ou faz tudo parte de uma estratégia? Quem diz a verdade e quem mente? 

À FLASH!, o padre do antigo dono do BES, Avelino Alves, explica qual é a situação que encontra quando visita o amigo e fala sobre as (poucas) expectativas que Ricardo Salgado e a mulher têm em relação ao futuro.

"AO PRINCÍPIO TAMBÉM DUVIDEI DA DOENÇA"

A saúde é uma das questões que têm estado na ordem do dia quando o assunto é Ricardo Salgado. Desde que os advogados tornaram público o diagnóstico de Alzheimer que os esquecimentos do antigo banqueiro foram questionados. Afinal, não seria tão conveniente, de repente, ele não se lembrar dos mais de 60 crimes de que é acusado?

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Parte 6: Qual é o real estado de saúde de Ricardo Salgado: 'Ao início tive dúvidas'

Em conversa com a FLASH!, o padre Avelino Alves admite ter-se juntado ao coro de dúvidas, que entretanto diz já terem sido dissipadas. "Eu, ao princípio, também pensei que era (fingimento). Como amigo eu digo assim: ‘hum, tu deves estar a fazer fita!’ Surdo, está bem que era, agora Alzheimer? Ao princípio desconfiei muito, até tardiamente, agora não tenho a mínima dúvida. Agora, das últimas vezes realmente vi que é isso que se diz, Alzheimer. Até comigo, estou a falar com ele e passado dois minutos já não está aqui. Reconhece-me sempre, impecável, mas depois começa a falar e, passado uns tempos, já não está aqui. Não entra na conversa. Às vezes, digo-lhe: 'oh doutor, um dia destes almoçamos'. E ele fica assim a olhar, do género, o que é que disseste... não sei."

Consciente do real estado de saúde do amigo, o padre confessa que se sentiu, por isso, completamente desalentado ao ver as imagens do arranque do julgamento do caso BES em que um Ricardo Salgado de aspeto fragilizado era conduzido a tribunal pela mão da mulher. "Fiquei muito triste, é sempre muito triste ter um amigo naquela condição, de condenado, de réu, de acusado e doente. Aquela situação deixou-me assim mesmo de rastos."

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Debilitado, ex-banqueiro Ricardo Salgado é confrontado à entrada do tribunal por lesados do BES e ânimos exaltam-se

"QUEREM QUE ISTO ACABE PARA PODEREM VIVER E MORRER EM PAZ"

Ricardo Salgado tem hoje 80 anos e já viveu o melhor e o pior deste mundo. Dos tempos em que tinha a vida pela frente, o desígnio do legado de uma família de banqueiros, a riqueza, à inevitável vaidade de ter chegado ao topo, sentiria anos depois a dor que, diz-se, é maior para quem já teve tudo e vê o império ruir.

E se a condição de Alzheimer lhe provocará, às tantas, dificuldades de memória, algum alheamento face à realidade, a mulher, Maria João, tem a noção exata do que a vida era e deixou de ser. "Ele neste momento não tem consciência disso, em absoluto, é impressionante nem do que tem nem do que não tem. Mas a Maria João tem..."

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Parte 7: 'Ricardo Salgado e a mulher têm esperança que isto acabe para poderem morrer em paz'

Quanto aos anos que lhe restam, os sonhos já não serão os mesmos de outrora, os planos feitos agora com régua curta e Avelino Alves não tem dúvidas que o que tem salvo a família é a fé, e que o amigo sempre lhe disse que um dia gostaria de limpar o bom nome. "Ainda ontem falava com a Maria João e ela me dizia que enquanto há vida há esperança. Esperança de quê? Que apesar da dor e das lágrimas, que eles tinham esperança. Esperança de que isto possa acabar, porque isto está a destruí-los, para poderem viver e morrer em paz."

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