'
THE MAG - Especial Eleições 2024

Agora o reality show é na política real. Como Gonçalo da Câmara Pereira, com 260 votos e a falar de "gajas boas" na TVI, foi parar à nova AD

Fadista, marialva, comentador televisivo, concorrente de 'reality show', um dos últimos 'macho-men' lusitanos, Gonçalo da Câmara Pereira é o grande "elefante na sala" de Luís Montenegro e Nuno Melo. Saiba como o monárquico desbocado foi parar à nova Aliança Democrática, como está a ser ignorado e humilhado pelo PSD e CDS. E tudo porque, legitimado por 260 votos na últimas eleições ameaçou bloquear a sigla AD, criada em 1979 pelos "egrégios avós" Francisco Sá Carneiro, Gonçalo Ribeiro Telles e Adelino Amaro da Costa.
João Bénard Garcia
João Bénard Garcia
01 de fevereiro de 2024 às 22:27
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
pub
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
pub
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira
Gonçalo da Câmara Pereira

Vale 260 votos nas urnas e muitos monárquicos ferrenhos fogem dele como Belzebu da cruz, mas Gonçalo da Câmara Pereira, o homem do leme aos 71 anos do Partido Popular Monárquico (PPM), acabou por se oferecer para fazer parte da suposta festa eleitoral laranja e azul do PSD e CDS a 10 de março… depois de ter dito cobras e lagartos dos anfitriões. Que o toleram, mantendo-o em absoluto silêncio, e fazendo de conta que já o perdoaram. Seguindo a velha máxima do "calado és um poeta".

Foi mesmo só uma questão legal que obrigou os parceiros PSD e CDS a terem de dar abrigo ao PPM na nova Aliança Democrática (AD). Quando em dezembro se começou a desejar o regresso da AD, replicando os desejos de triunfalismo da velha aliança que em 1979 levou Francisco Sá Carneiro (PPD/PSD), Adelino Amaro da Costa (CDS) e Gonçalo Ribeiro Telles (PPM) ao poder, Gonçalo da Câmara Pereira foi de imediato sacar a caçadeira ao espingardeiro e começou logo a disparar chumbo grosso contra Melo e Montenegro.

O monárquico, que ficou mais conhecido pelas gafes e tiradas misóginas como comentador no 'Você na TV!', da TVI, ao lado de Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira, do que a cantar fado, veio logo em dezembro último a terreiro ameaçar impugnar no Tribunal Constitucional a nova AD, caso o PPM não constasse da coligação e com lugares elegíveis nas listas. Entre as ameaças ao acordo a dois, que excluía os monárquicos da ménage eleitoral, Gonçalo afirmou de supetão a quem quis ouvir que o PSD e o CDS tinham "líderes fracos" e sem "visão do que se está a passar no país" e só mudou radicalmente a bitola do discurso para "tudo bons rapazes" quando conseguiu entrar na coligação.

BOCAS FECHADAS NA CONVENÇÃO

"Foi uma provocação, é evidente. Quem me conhece sabe que eu sou um brincalhão por natureza, e foi uma provocação para o líder [do PSD, Luís Montenegro]. Agora, o que não tem dúvida nenhuma é que nós somos conscientes e sabemos que Portugal, neste momento, precisa se encontrar e ter líderes fortes. A gente também só se alia a líderes fortes", reforçou Gonçalo da Câmara Pereira, todo pimpão na assinatura do acordo na Alfândega do Porto, a 7 de janeiro último, numa clara viragem de bico ao prego no discurso. "Se eu me aliei é porque eu sei que eles são fortes", reforçou, num momento de 'extrema coerência política'.

Os adversários toleram-no, mantendo-o em absoluto silêncio, e fazendo de conta que já o perdoaram. Seguindo a velha máxima do "calado és um poeta".

O acordo foi lavrado e rubricado pelos líderes dos três partidos. Fez-se a festa no Porto, deitaram-se meia dúzia de foguetes e o PPM voltou para o lugar onde estava - o dos seus 260 eleitores em 2022. Na Convenção da AD, de domingo, 21 de janeiro, no Centro de Congressos do Estoril, os monárquicos nem puderam dar um 'moche' da sua graça. Foram remetidos ao silêncio e só os grandes falaram: os líderes do PSD e CDS falaram, Paulo Portas e Carlos Moedas também falaram e mais meia dúzia de ilustres da trupe laranja e azul. Monárquicos a abrir a boca? Nem ouvi-los. Ah, talvez a dar trincas no buffet ou a bocejar na plateia.

VAI DAR BANHO À LILI (CANEÇAS)

É que efetivamente Luís Montenegro e Nuno Melo têm razões de sobra para manterem Gonçalo da Câmara Pereira caladinho que nem um ratinho. Os dois líderes leem jornais e veem televisão. Ou se não o fazem alguém lhes explica quem é qual é o histórico de Gonçalo da Câmara Pereira, que até já foi concorrente do 'reality show' 'A Quinta das Celebridades, na TVI', em 2005, onde ficou famoso pelo momento sensualão em que deu um banho à socialite Lili Caneças, numa banheira cheia de espuma, num celeiro.

O que os políticos do PSD e do CDS já ouviram dizer que saiu da boca do parceiro (imposto à força) na nova AD é, em algumas situações, digno de fazer ressuscitar Lázaros da tumba. Se não vejamos: Em matéria de "marialvice", talvez só o clássico gigalô reformado Zezé Camarinha consiga bater Dom Gonçalo da Câmara Pereira. "Sou romântico, sou sensível e não sou larilas", disse Câmara Pereira ao vivo na TVI, a mesma estação onde, sobre as mulheres, na rubrica "Trio Maravilha", dissertava sobre "coisas de machos" e dizia pérolas como "as mulheres bonitas são normalmente burras", "só quero gajas boas" ou "a mulher é para o que nasce. Fica com as mãos macias se lavar a loiça". E isto com os apresentadores Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha a assistir, impávidos, serenos e a bater palmas às palermices em catadupa do comentador.

"Sou romântico, sou sensível e não sou larilas", disse Câmara Pereira ao vivo na TVI

Foi também a Goucha que Câmara Pereira respondeu o que fazia com a mulher em casa. Ou para sermos mais precisos, o que não fazia. "Já estou como diz o outro. Quando estou cansado das outras, vou para casa", acrescentando num outro momento que de carros percebe pouco e não se deve desenrascar em mecânica se o seu jipe Mitsubishi Pajero avariar: "Não percebo nada de automóveis. Para mim um automóvel é um objeto de luxo. E um objeto de luxo é uma brasileira".

Não consta que o PPM peça loucuras programáticas à AD como inscrever no cardápio de promessas a liberalização do sexo ou a defesa da traição matrimonial, o fim dos "larilas", como chama ao homossexuais ou a obrigação de todas as mulheres "lavarem a loiça", mas, para já, sabe-se que o PPM se vai bater por duas causas: o respeito pela "cultura popular" e o "desenvolvimento sustentável".

você vai gostar de...


Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável