
Diagnosticado com cancro na próstata há cerca de três anos, Pinto da Costa tem vivido com a doença que, no entanto, terá progredido, deixando-o a braços com uma maior sensação de finitude. Foi por causa disso que decidiu escrever um livro de memórias 'Azul até ao Fim', em que fala de questões mais pessoais, como a partida que a saúde lhe pregou, a toda a sua vivência enquanto presidente do FC Porto.
Daquilo que já foi divulgado do livro, a páginas tantas Pinto da Costa diz que o facto de os médicos o terem confrontado com o tumor maligno fez com que, de repente, passasse a ver a vida com outros olhos, deixando de se focar em problemas que nem eram assim tão importantes e nas pessoas que nada lhe dizem, tendo feito, inclusivamente, a lista de quem poderia ou não estar presente no seu funeral.
Outra das questões que tem surgido é se a doença amoleceu o coração de Pinto da Costa o suficiente ao ponto de fazer com que reconsidere uma aproximação ao filho, Alexandre, com quem está de costas voltadas há cerca de dois anos. A resposta não é absolutamente definitiva, mas no livro há pistas que sugerem que possa haver aqui uma tentativa de tréguas com o filho mais velho.
Logo no início, quando explica como soube que a doença de que padecia era mais complicada do que aquilo que se imaginava, o antigo homem-forte dos dragões garantia que a preocupação era que a notícia não chegasse à família, sobretudo para poupar os seus "amados filhos, Alexandre e Joana". Ora, se até aqui Pinto da Costa optava por nunca se referir ao controverso tema da guerra com o filho, esta mensagem pode ser como um piscar de olho às tréguas, que sugere que não quer partir deste mundo zangado com uma das pessoas que mais ama.
No entanto, este é apenas um dos lados da moeda, porque depois há tudo o resto e que se prende com as verdadeiras origens desta zanga, e que levam a processos que se encontram agora na barra dos tribunais e em que há muito dinheiro, cuja origem terá de ser explicada.
Segundo foi possível apurar, é neste ponto que a aproximação poderá complicar-se, com tudo aquilo que os separa a poder ser mais forte do que propriamente a vontade de colocar um ponto final nas divergências.
O PROCESSO DOS 40 MILHÕES DESAPARECIDOS
O processo que envolve o nome de Pinto da Costa e do filho Alexandre chegou em 2021 à Justiça, com a abertura de vários inquéritos para que Pinto da Costa, o filho e o empresário Pedro Pinho explicassem uma série de negócios de jogadores, com os quais teriam obtido ilegalmente somas exorbitantes, numa quantia que ascenderia aos 40 milhões. O esquema teria sido perpetuado durante mais de dez anos.
"Para colocarem jogadores no FC Porto ou venderem jogadores do FC Porto, os agentes aceitam devolver aos dirigentes desportivos do mesmo clube, designadamente a Jorge Nuno Pinto da Costa, parte dos montantes cobrados pela sua intervenção como intermediários nesses negócios", pode ler-se no despacho.
Este é um processo que coloca frente a frente Pinto da Costa e o filho que, já se percebeu, não estarão em concordância em tribunal, o que poderá originar um 'lavar de roupa suja' e um apontar de dedo dentro do seio da própria família.Segundo revelou uma fonte à 'The Mag by Flash!', este é o principal motivo de divergência entre pai e filho que, no passado, já estiveram de costas voltadas precisamente por questões relacionadas com o futebol e negócios na transferência de jogadores.
Face ao afastamento, Alexandre acabou por estar sempre ausente de todos os momentos importantes vividos pelo pai ao longo dos últimos dois anos: não marcou presença no lançamento do documentário de Pinto da Costa para a Prime Video, não deu a cara nem o apoio na ação de recandidatura à presidência do FC Porto e resta saber se agora marcará presença na apresentação do livro do pai, que acontece no próximo domingo, dia 27.
Com a ausência de Alexandre, a filha mais nova, Joana, tornou-se, cada vez mais, no apoio de Pinto da Costa, com a relação entre os dois evoluir para uma grande cumplicidade, principalmente desde a chegada dos netos.