
Quando os líderes mundiais já admitem estarmos na iminência de uma quarta vaga da covid-19 devido ao aumento de números de casos, todos os olhos estão postos no novo medicamento contra o coronavírus SARS-CoV-2, criado pela Pfizer, que poderá evitar as dificuldades de resposta do Serviço Nacional de Saúde. Mas por que o paxlovid é mais popular do que os outros medicamentos já conhecidos? Como é o tratamento? E será que podemos estar mesmo perto do fim da pandemia?
A Pfizer anunciou esta semana os resultados de um novo estudo com 2246 voluntários que se inscreveram até ao dia 4 de novembro. De acordo com a farmacêutica, o ensaio demonstrou que o novo tratamento via oral reduziu a necessidade de hospitalização em adultos com alto risco de terem um caso grave da covid-19 em 89%, se o tratamento fosse administrado dentro de três dias desde o início dos sintomas; Este número reduz para 88% se administrado em cinco dias.
No total, houve 12 mortes no grupo de voluntários que recebeu o placebo e nenhuma morte no grupo que recebeu o tratamento, noticiou a ‘AFP’. Sobre os efeitos secundários do medicamento, a Pfizer referiu apenas que eram "leves".
"É incrível e potencialmente transformador", disse a virologista da Universidade da Pensilvânia Sara Cherry ao ‘New York Times’. "Se pudéssemos manter as pessoas longe dos hospitais, isso teria um grande impacto nos cuidados de saúde."
A pensar no avanço da variante ómicron, esta quinta-feira, 16, a Agência Europeia do Medicamento disse que já existe a possibilidade de o paxlovid ser usado em tratamento de pessoas que não estão ventiladas e que estejam em risco de desenvolver doença grave. Mas, para já, cabe às autoridades nacionais autorizar o uso do medicamento experimental, de preferência "o mais cedo possível após o diagnóstico, até cinco dias depois do início dos sintomas".
COMO É QUE O TRATAMENTO DO VIH PODE AJUDAR NA LUTA CONTRA A A COVID-19?
A função principal do paxlovid é reduzir a capacidade do vírus de se replicar, e para isso o tratamento com inibidores age diretamente na enzima culpada pela transformação do vírus, a protease 3CL, neutralizando-a.
O paxlovid é portanto uma combinação de duas pílulas do novo medicamento criado pela Pfizer, o nirmatrelvir, e de um velho conhecido nos tratamentos contra o VIH, o ritonavir. De acordo com o 'The New York Times', o ritonavir não é eficaz contra o coronavírus, mas ajuda o medicamento da Pfizer a permanecer ativo no corpo por mais tempo.
O TRATAMENTO
Depois de testar positivo para a covid-19, e dentro de cinco dias desde o início dos sintomas, os médicos podem administrar o conjunto de 30 comprimidos, que devem ser tomados num prazo de cinco dias – três por cada toma, a cada 12 horas.
OUTROS ANTIVIRAIS
Embora os dados da Pfizer sejam os mais promissores, até agora, já foram anunciados outros tratamentos desde o ano passado. O mais famoso é o remdesivir, do laboratório norte-americano Gilead. O medicamento tornou-se mais conhecido ao ser usado pelo ex-presidente Donald Trump quando esteve doente, mas tem vários problemas – desde a forma de fabricação, que pode demorar meses, até à aplicação, que deve ser intravenosa.
Outro antiviral, e mais recente, é o molnupiravir, do laboratório americano Merck/MSD. O medicamento em forma de comprimido ainda levanta dúvidas nesta fase experimental. Contudo, a Dinamarca autorizou esta quinta-feira, 16, o tratamento em pessoas de risco, tornando-se no primeiro país da União Europeia a avançar com a decisão.
Inicialmente, a Merck tinha anunciado uma eficácia de 50% na redução das hospitalizações e óbitos de pacientes de risco, mas a 26 de novembro mostrou que estes números na verdade ficaram pelos 30%.