
Com as eleições no FC Porto a aproximarem-se, sobe de tom a troca de argumentos entre os candidatos à presidência André Villas-Boas e Pinto da Costa, que se vão defrontar a 27 de abril no Dragão. Na última semana, a polémica voltou a estalar entre os dois com o antigo treinador dos Dragões a sugerir que, aos 86 aos, o atual líder azul e branco já não está na presença das suas totais faculdades.
"Tenho muito respeito pelo senhor presidente, mas penso que não está em condições, neste momento, de presidir a mais quatro anos no FC Porto. O que se avizinha, pós-2024, é uma linha de sucessão direta para os vice-presidentes", atirou Villas-Boas, para acrescentar que há muita gente a aproveitar-se desta condição de saúde do presidente que, caso seja eleito, chegará ao final do mandato com 90 anos já feitos.
"Parece-me cada vez mais evidente que algumas pessoas, de certa forma, se estão cada vez mais a aproveitar da debilidade do presidente e, digamos assim, da sua incapacidade atualmente."
A provocação mereceu resposta pronta de Jorge Nuno Pinto da Costa, que usou a sua ironia habitual para desarmar aquele de quem em tempos foi amigo. "Eu não sei se estou gasto ou se não estou gasto, mas eu ainda falo para vocês sem precisar que me digam o que vou dizer e de estar com o dedo a seguir as linhas. Enquanto Deus me der vida eu não me importo de lutar sempre pelo FC Porto e, se tiver de morrer durante um mandato, para mim não é problema", disse aos jornalistas para mostrar que não se verga perante as palavras do rival.
Apesar de publicamente se mostrar com uma saúde de ferro, os mais próximos sabem que há muito tempo que assim não o é. Pinto da Costa já sofreu vários sustos por causa de problemas médicos, o que se tem acentuado ao longo dos últimos anos e quem priva com ele diz que a capacidade de resposta do presidente já não é a mesma e que isso se nota nas mais pequenas coisas do dia a dia. "É natural, a idade já é alguma e ele tem decaído muito nos últimos anos", explica uma fonte, lembrando que o portista é um doente de risco com o seu coração a já ter pregado várias partidas: teve de ser submetido a um cateterismo, a vários tratamentos e cirurgias e em 2017 deixou os mais chegados em sobressalto ao dar uma aparatosa queda nas escadas da sua casa e a partir várias costelas.
"É claro que ele tem consciência da idade, mas não imagina, nunca imaginou uma vida longe do clube, isso não faz sentido. Seria matá-lo", explica a mesma fonte, adiantando que, ao longo dos últimos anos, a presidente dos Dragões tem mostrado uma saúde cada vez mais frágil e que os mais chegados temem que tudo piore caso seja afastado do poder.
A saúde é o principal fator a preocupar família e amigos, mas animicamente Pinto da Costa também já não é o mesmo, e para isso contribuíram alguns dos maiores desgostos pessoais da sua vida, como a perda de várias pessoas chegadas.
Em 2020, estávamos em plena pandemia quando Pinto da Costa sofre aquele que é um dos seus mais duros golpes pessoais. Reinaldo Teles, melhor amigo, braço-direito, guardião dos seus maiores segredos morria, aos 70 anos, com complicações resultantes da Covid-19. Durante o minuto de silêncio, no Estádio do Dragão, o dirigente desportivo aguentou-se firme, com o rosto toldado pela emoção, mas assim que se posicionou atrás da carrinha fúnebre para o derradeiro cortejo, o coração traiu-o. Pinto da Costa sentiu-se mal e foi imediatamente retirado do local, recebendo assistência médica dentro do estádio. "Aquele foi um momento muito difícil para ele. O Reinaldo foi uma pessoa com quem ele partilhou as suas maiores felicidades no FC Porto, mas também momentos difíceis a nível pessoal", conta uma fonte, acrescentando que, nesse dia, o dirigente desportivo terá ganho, também, uma forte consciência da sua finitude.
Depois disso, acabaria por ver outras pessoas próximas e figuras ligadas ao clube, como Fernando Gomes, irem embora mais cedo, o que também mexeu psicologicamente com Pinto da Costa.
A GUERRA COM O FILHO
E como se não bastasse tudo o que lhe tem acontecido, recentemente uma situação familiar acabou também por fragilizar Pinto da Costa. Depois de terem feito as pazes e de estarem lado a lado durante vários anos, o presidente dos dragões e o filho, Alexandre, voltaram a cortar relações, conforme revelou a 'The Mag' em exclusivo, e tudo por causa de questões relacionadas com dinheiro.
"Não se falam há mais de meio ano", começa por contar uma fonte próxima do dirigente portista, acrescentando que os negócios de Alexandre, que é agente de jogadores, e "questões relacionadas com dinheiro" estarão na origem da guerra familiar.
"A família está novamente dividida e a situação está tão grave como da primeira vez. Agora, o próprio neto de Pinto da Costa (Nuno), também está zangado com o pai. Esteve a apoiar o avô no Coliseu. O Alexandre foi o único que faltou."
Esta não é a primeira vez que o futebol se intromete entre pai e filho, criando uma cisão na família. Em 1998, Pinto da Costa e Alexandre já tinham cortado relações por causa de negócios na transferência de jogadores. Tudo começou por o empresário ter mediado a transferência do então futebolista Zahovic, alegadamente, à revelia do pai. A retaliação não se faria esperar e, quando Sérgio Conceição assinou pela Lazio, Alexandre foi deixado de fora do negócio, tendo Pinto da Costa depositado a venda do jogador nas mãos de Luciano D’Onofrio, bem como a respetiva comissão.
A guerra familiar acabaria por durar vários anos e só em 2011 os dois fizeram as pazes. Acabou por ser com a intervenção da então companheira do pai, Fernanda Miranda, que Alexandre e Pinto da Costa se reaproximariam.
No entanto, agora, nem Cláudia Campo, a atual mulher, parece ter o condão de os voltar a unir, uma vez que a situação se afigura, aos olhos dos mais chegados, como sem remédio e um corte para a vida. Já a filha mais nova, Joana, continua muito próxima do pai e a ser o seu apoio de todas as horas.