Quem esteve mais atento ao longo dos últimos anos, foi-se apercebendo das pequenas mudanças. Pinto da Costa, durante quatro longas décadas o dono e senhor do Dragão, dava sinais de alguma fragilidade e nos bastidores começava a haver aquele burburinho de vozes críticas sobre dirigidas àquele que até então poucos ousavam enfrentar. Há quem diga que há um momento simbólico que mostra um sinal do início do declínio do presidente azul-e-branco.
Em 2020, estávamos em plena pandemia quando Pinto da Costa sofre aquele que é um dos seus mais duros golpes pessoais. O melhor amigo, braço-direito, guardião dos seus maiores segredos morria, aos 70 anos, com complicações resultantes da Covid-19. Durante o minuto de silêncio, no Estádio do Dragão, o dirigente desportivo aguentou-se firme, com o rosto toldado pela emoção, mas assim que se posicionou atrás da carrinha fúnebre para o derradeiro cortejo, o coração traiu-o. Pinto da Costa sentiu-se mal e foi imediatamente retirado do local, recebendo assistência médica dentro do estádio. "Aquele foi um momento muito difícil para ele. O Reinaldo foi uma pessoa com quem ele partilhou as suas maiores felicidades no FC Porto, mas também momentos difíceis a nível pessoal", conta uma fonte, acrescentando que, nesse dia, o dirigente desportivo terá ganho, também, uma forte consciência da sua finitude.
De lá para cá, os anos não têm sido propriamente auspiciosos. Houve alguns títulos conquistados, mas também contestação como nunca se tinha ouvido e, pela primeira vez, Pinto da Costa sente o seu lugar em perigo com a candidatura de André Villas-Boas. Publicamente, o dirigente portista tem desvalorizado as vozes daqueles que se insurgem contra o seu mandato por parte de figuras proeminentes ligadas ao clube, como foi o caso de Miguel Sousa Tavares ou Rui Moreira, mas no seu círculo mais privado tem-se ressentido desta agitação que ameaça tirar-lhe o tapete, aos 85 anos. "É claro que ele tem consciência da idade, mas não imagina, nunca imaginou uma vida longe do clube, isso não faz sentido. Seria matá-lo", explica a mesma fonte, adiantando que, ao longo dos últimos anos, a presidente dos Dragões tem mostrado uma saúde cada vez mais frágil e que os mais chegados temem que ao sair de cena esse declínio se acentue.
O homem-forte do FC Porto é um doente de risco e nos últimos anos foram vários os episódios que alarmaram os mais chegados, com o seu coração a pregar várias partidas: teve de ser submetido a um cateterismo, a vários tratamentos e cirurgias e em 2017 deixou os mais chegados em sobressalto ao dar uma aparatosa queda nas escadas da sua casa e a partir várias costelas.
A ENFERMEIRA DE TODAS AS HORAS
No meio deste cenário, a atual mulher, Cláudia Campo - e aquela que os mais chegados acreditam que será a última - tem sido a enfermeira de todas as horas. Há quem diga que lhe calhou a pior parte, até porque para ela não há viagens pelo mundo, o doce sabor do sucesso ou o brilho das grandes passadeiras vermelhas. Acompanha Pinto da Costa, literalmente, na saúde e na doença.
"O que a Cláudia está a fazer não o faria toda a gente. O namoro já começou quando tudo era muito diferente de outros tempos, portanto ela é uma espécie de enfermeira e amiga. Dá-se bem com os filhos do Pinto da Costa, o que ajuda nesta fase em que ele dá muitas preocupações", diz uma fonte.
O presidente azul e branco reconhece o apoio da bancária e este ano não resistiu ao levá-la ao altar, naquele que foi o seu quinto casamento (foi casado com Manuela Carmona, duas vezes com Filomena Morais e uma com Fernanda Miranda). Para este enlace, não houve festas luxuosas, vestidos de cauda nem tão pouco lua de mel. Foi uma cerimónia simbólica na Conservatória, apenas com a presença dos filhos, longe dos dias faustosos em que tudo era grande nas suas relações do passado.
E houve muitas. Tantas que davam um livro inteiro sem que ninguém se aborrecesse a virar as páginas. Para a história ficam as que atrás mencionámos e, claro, o romance com Carolina Salgado, esse sim, que deu livros, filmes e polémicas a perder de vista. Conheceram-se num bar de alterne no Porto, chamado 'O Calor da Noite', e contaria mais tarde Carolina que a seta do cupido acertou em cheio tanto que, em poucos meses, Carolina passaria da noite para a Tribuna Presidencial do Estádio do Dragão, afastando Filomena com quem Pinto da Costa tinha voltado a casar.
Enquanto Primeira-Dama, foi sem dúvida o rosto mais visível do FC Porto. Viajou para todo o lado, nos almoços ultra-secretos ela estava lá e era como que uma sombra de Pinto da Costa. Tanto que quando o amor esmoreceu e a coisa deu para o torto, tornou-se numa preocupação para o dirigente. Carolina sabia todos os seus segredos, ouviu conversas a que poucos tinham acesso e Pinto da Costa sabia que ela não teria sangue de barata e dificilmente os iria levar para a tumba. Estava certo. Não só não os guardou, como os escarrapachou, um atrás do outro, num livro polémico que reforçaria o caso 'Apito Dourado'.
Hoje parece uma coisa do passado, mas Carolina foi certamente a mulher que mais dores de cabeça deu ao líder azul-e-branco.
FERNANDA É A PEDRA NO SAPATO
Se com Carolina viveu a relação mais mediática, ao lado de Fernanda Miranda Pinto da Costa passou, talvez, os anos mais estáveis a nível sentimental. Conheceu a brasileira quando esta estava ao balcão de uma loja da Sacoor no Porto e, já se sabe, o presidente portista é de paixões fulminantes e não deixou a jovem escapar.
Anos depois, casaria numa cerimónia na praia em Touros, no Brasil, a terra Natal de Fernanda, de quem se divorciou em 2017, mas há quem diga que nunca conseguiu esquecer. Tanto que, há cerca de dois anos, o ex-casal se voltava a aproximar para um namoro curto que não resultou. "Com a Fernanda as coisas não ficaram bem resolvidas. Foi o seu último grande amor", explica a fonte, acrescentando que hoje os dois "não se podem ver".
As vezes em que se cruzaram desde então foram poucas, mas tensas. No funeral de Fernando Gomes, mais conhecido por Bibota, não se falaram e recentemente Pinto da Costa teve de lidar com o golpe de Fernanda, que foi notícia por estar, alegadamente, a apoiar a candidatura de Villas-Boas. Não foi a única traição. Os últimos meses têm servido para o presidente dos dragões saber ao certo quem está ao seu lado e quem lhe virou costas quando mais precisava. E as baixas têm sido mais do que esperava. Publicamente, o presidente usa o seu habitual sarcasmo para assobiar para o lado. Tem aquela capa de impenetrabilidade que cultivou ao longo dos seus 41 anos como figura máxima do FC Porto, mas quem o conhece verdadeiramente não acredita que não se comece a ressentir pelos 'ratos' que, ao primeiro sinal de água, começam a abandonar o navio.
