A princesa Leonor deixou Zarzuela há cinco anos para começar a sua formação militar. E se a parte que deveria ter lugar em terra já foi concluída com sucesso, este último ano está a ser passado em alto-mar, com todos os desafios que isso acarreta. Se inicialmente a herdeira ao trono espanhol achava que seria pacífica a adaptação à vida no navio El Cano, que lhe serve de casa ao longo dos próximos meses, não podia estar mais enganada. Ao cruzar o Atlântico, rumo ao Brasil, debateu-se com um verdadeiro calvário no mar, tendo sofrido de enjoos constantes, e um mal-estar generalizado que levou a que, assim que pisou solo firme, na primeira grande escala, tenha sido sujeita a uma bateria de exames. Letizia mostrava-se, então, também preocupada com os vários hematomas no corpo da filha mais velha, mas os responsáveis pele embarcação explicaram que estes se deviam a pequenas quedas, normais na vida de um tripulante, desvalorizando aquilo que consideram uma preocupação excessiva da rainha.
No entanto, a monarca espanhola não descansou, também porque nessa primeira grande paragem, no Brasil, ouviu o relato angustiado da filha sobre o calvário da vida no mar e das dificuldades inesperadas que sentia. Leonor partilhava então que na maior parte do tempo tinha de estar em repouso por não aguentar a sensação de mal-estar e de tomar medicação constante, num pesadelo sem fim.
Perante a situação limite, Letizia confrontou Felipe VI sobre a possibilidade de Leonor ser poupada a esta fase da sua formação, uma vez que isso estava a prejudicar a sua saúde, mas o monarca é totalmente contra. "Desde o início que os reis reiteraram que queriam que a filha tivesse exatamente o mesmo tratamento que os colegas, e que não houvesse diferenciação no tratamento. A única condição que impuseram, e que não era negociável, prendia-se com o acompanhamento de segurança que Leonor precisava de ter. Por isso, para o rei não faz qualquer sentido que agora se volte atrás com a palavra só porque a filha tem enjoos", diz uma fonte, acrescentando que Letizia não concorda com esta opinião e tem tentado impor a sua vontade, reiterando que Felipe está a ser "demasiado severo".
Na verdade, a educação das filhas tem sido sempre um fator de discórdia entre o casal. Apesar de ter consciência de que Leonor tem de receber uma formação específica e ser preparada para o cargo que a espera no futuro, a rainha sempre foi mais liberal em algumas questões e, por exemplo, nunca incentivou Leonor a praticar desportos náuticos, por considerar o meio demasiado elitista e querer colocar a filha à parte desse mundo.
Por outro lado, e apesar de conseguir ser bastante rígida em algumas questões, Letizia quer também que as filhas tenham a possibilidade de ser mais abertas ao mundo, modernizando a coroa espanhola e fazendo também com que não sofram dos mesmos problemas que ela enfrentou toda a vida, desde que se casou com Felipe. E, acima de tudo, que não sejam privadas da sua juventude e a possam viver livremente sempre que não estão em representação da Coroa.
Desta forma, a rainha acabou por não ter a reação por muitos esperada quando foi confrontada com as fotografias que mostravam Leonor a divertir-se numa festa no Brasil. Para a rainha espanhola, tais imagens não configuram qualquer transgressão e são encaradas com normalidade.
