
Se há um par de anos, os reis de Espanha pensavam que, provavelmente, o momento em que os escândalos de corrupção e fraude de Juan Carlos e a exposição do seu rol de amantes ficariam para a história como os tempos mais duros que viveriam na casa real espanhola, 2024 mostrou-lhes que estavam muito, muito errados.
De repente, o inimaginável aconteceu. A bomba vem a público em primeira instância no livro de Jaime Penafiel e depois através da própria conta do X de Jaime del Burgo, antigo cunhado de Letizia, que garantia ter tido uma relação entre 2010 e 2011 com a rainha, já então casada com Felipe VI. O antigo cunhado de Letizia, ex-marido da sua irmã Telma, denunciava, então, uma situação que causaria o maior embaraço na Casa Real.
Letizia soube que o caso iria ser tornado público em outubro, na véspera do 18.º aniversário de Leonor, e viveu com o coração nas mãos até ao final do ano, altura em que se tornou impossível conter a polémica. Explodiu primeiro nos meios de comunicação internacionais e só depois em Espanha e a cada notícia esperava-se uma reação oficial do Palácio, que nunca chegou. Mais do que nunca, os olhos colocaram-se nos reis, nas suas dinâmicas, na forma como olhavam e falavam um com o outro, questionou-se se o casamento iria resistir, mas os meses passaram e a única resposta que os monarcas conseguiram dar foi o facto de seguirem juntos.
Mas a que preço? Depois das infidelidades de Letizia virem a lume, os especialistas em realeza cavaram mais fundo e tudo o que se descobriu (verdade ou meramente especulativo) não foi propriamente abonatório para a imagem de uma rainha que, bombardeada por todos os lados, cambaleou mas nunca capitulou. A elegância do silêncio foi a sua melhor arma e, concertado ou fachada, as idas ao cinema com o rei, aquele gesto mais carinhoso aqui e ali, serviram para mostrar que, mesmo que não estivesse tudo bem, mesmo que dentro do Palácio a conversa fosse outra, os espanhóis podiam estar descansados porque não ia haver nenhum divórcio real.
Para a maioria dos especialistas em realeza, a crispação é uma realidade. Dentro das paredes de Zarzuela, Letizia e Felipe já não são um casal, não se podem ver. Cumprem obrigações, um protocolo, um contrato, mas o casamento há muito que acabou. Só o sentido de dever real os impede de avançarem para uma separação definitiva, que lhes permitiria seguirem com a sua vida, numa altura em que ainda se poderiam refazer sentimentalmente (ambos estão na casa dos 50).
Há quem diga que o fazem na mesma, mas pela calada, que ali basta que pareçam sérios, não têm efetivamente de o ser. Se o casamento é de fachada, o acordo será que bem longe dos olhares indiscretos ambos possam fazer o que lhes dá na cabeça e notícias recentes dão mesmo conta que Letizia anda encantada com um empresário de topo de Madrid, enquanto o rei também terá as suas amigas não oficiais, como que num legado do pai que nunca imaginou repetir.
Todos os dias há relatos de discussões no Palácio, ora porque a relação entre os reis é insustentável, ora porque a rainha não suporta a família do marido, porque controla calorias, as ementas e aquilo que se come ou até porque a mãe dela foi apanhada a roubar comida (?), tudo parece quase argumento de filme. Nesse imaginário, Letizia aparece quase como uma pequena ditadora em potência, a má da fita, enquanto a Felipe VI tudo é perdoaodo. Mesmo que ele próprio também tenha os seus deslizes no matrimónio, nunca ninguém se esquece que o pontapé de saída foi dela, e logo com o ex-cunhado, o que torna o peso da traição ainda maior.
Em 2024, muitos afirmavam que Letizia e Felipe VI iriam mesmo avançar para o divórcio, que a realeza dos tempos modernos passa por dar também um exemplo de que a vida no palácio tem problemas comuns aos que se vivem nas outras casas, mas a 'instituição' ganhou e o casal continua a viver a sua alegre fachada.
CONTESTAÇÃO E UM BANHO DE LAMA
O ano trouxe mais cabelos brancos aos reis, levou as filhas, Sofia e Leonor, a crescerem mais e mais depressa, mas o escândalo da traição seria apenas uma das alíneas de um 2024 de má memória que, por Felipe e Letizia, seria apagado do calendário. Já a chegar ao final do ano, e numa altura em que pensavam que nada mais os poderia derrubar, eis que uma situação tensa os faria viver o momento público mais duro desde que subiram ao trono.
Vários dias depois de as cheias terem arrasado Valência, os reis desceram finalmente do seu pedestal para verem com os seus próprios olhos qual era a real situação no terreno. Mas o povo é soberano, tem memória e não gostou que Felipe e Letizia só dessem a cara tanto tempo depois, que os tenham deixado ao abandono e à sua sorte. A reação fez-se sentir com ira e revolta, uma explosão de raiva. Gritaram-se palavras de ordem, os espanhóis irados caíram em cima dos reis, atiraram-lhe bolas de lama, num momento delicado que fez certamente Felipe e Letizia repensarem a sua postura pública.
No meio disto tudo, o ano acaba finalmente, não sem antes mais uma polémica a ser protagonizada no Palácio onde a típica ceia natalícia não teve só filhós e Bolo Rei, mas também uma boa dose de gritaria a mostrar que 2025 promete... pelo menos para as notícias do coração.