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O estranho caso do homicida de Lagos que pode salvar Ricardo Salgado da prisão

A tragédia do pedreiro que matou a amante adolescente no Algarve há quase 20 anos está a servir de inspiração para os advogados de defesa do banqueiro na Operação Marquês. O que tem isto a ver com o antigo "dono disto tudo"? Mais do que se possa imaginar...
Joana Guterres
09 de dezembro de 2021 às 23:41
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Os advogados de Ricardo Salgado pediram que fosse decretada a sua inimputabilidade uma vez que o antigo líder do Grupo Espírito Santo, de 76 anos, alegadamente sofre de Alzheimer.

"Pode bem suceder que, mercê de anomalia psíquica de que sofra, à data do facto ou sobrevinda, o arguido se mostre incapaz de representar racionalmente os seus interesses, exercer os seus direitos e de conduzir a sua defesa de forma inteligente e inteligível", refere a defesa de Salgado num requerimento que deu entrada no tribunal a 14 de outubro de 2021.

Recorde-se que só os exames médicos que o ex-patrão do BES fez em clínicas privadas, como o Centro Neurológico Sénior e o Centro clínico da Fundação Champalimaud, poderão demonstrar, devidadamente confrontados com um segundo parecer, se Salgado padece ou não de uma grave deterioração do seu estado mental.

Só que o requerimento dos advogados do banqueiro, que entregue após a "polémica" das férias de Salgado na Sardenha, neste verão, traz consigo uma novidade.

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Ricardo Salgado vai ser acusado por liderança criminosa

O argumento do Alzheimer vai buscar sustentação ao passado a um caso do qual a defesa de Salgado, constituída pelos advogados Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce, quer fazer jurisprudência para "poupar" o seu cosntituinte. Ora um dos argumentos em que a defesa do banqueiro - que está acusado de três crimes de abuso de confiança na Operação Marquês - se apoiou para pedir a suspensão do seu julgamento remonta a um caso de homicídio de 2002, explica a CNN Portugal após consulta do processo. 

Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce
Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce Foto: Lusa

Mas que homicídio é este?

Voltemos a 2002. Num parque de estacionamento de uma zona residencial, em Lagos, um pedreiro baleou mortalmente uma adolescente com quem teria tido um relacionamento amoroso, dando de seguida um tiro na própria cabeça. A jovem teve morte imediata mas o assassino sobreviveu: entrou em coma e acordou dias depois, no Hospital dos Capuchos. No entanto, ficou com sequelas neurológicas graves.

E foi precisamente esse facto que permitiu aos seus advogados de defesa solicitar a inimputabilidade do arguido e a suspensão do julgamento até que estivesse capacitado, o que foi aceite pelo coletivo de juízes.

Nos anos que se seguiram, o quadro clínico do arguido foi alvo de reavaliações, mas o seu estado de saúde nunca apresentou melhorias. Morreu em 2013 e os autos foram arquivados.

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