
Desde que nasceu que tem os olhos de Espanha [e do mundo inteiro, diga-se] postos em si. Mas se as atenções de estranhos já a incomodavam enquanto foi criança, hoje, aos 18 anos, essas atenções incomodam muito mais. Leonor, a filha primogénita de Felipe VI e de Letizia, começa agora a dar-se conta de quanto é pesado o seu fardo. Nunca pediu para ser princesa. Muito menos pediu para ser rainha, mas esse é o seu destino. Um destino que conhece desde que nasceu, mas que nunca imaginou que seria tão difícil de cumprir.
No auge da sua juventude, a princesa das Astúrias tem ânsia de viver. De ser livre. De se divertir. De ter a mesma vida descontraída que têm todas as suas amigas e até as suas duas primas, Irene Urdangarin e Victoria Federica de Marichalar. Ir ao cinema, a uma discoteca, à praia, a um qualquer restaurante ou café. Como fazem os comuns dos mortais, sem ter de andar permanentemente rodeada de seguranças e guarda-costas. Mas, não! Não lhe é permitido. Leonor tem de seguir um caminho que não foi traçado por si. Sobre o qual não lhe foi sequer dada a hipótese de se pronunciar. Em 18 anos de vida sempre decidiram tudo por si. Desde a roupa que veste até às escolas que teve de frequentar. Nem sequer pode escolher o curso. Como se Leonor de Espanha não tivesse livre arbítrio. Como se não soubesse o que quer, o que gosta e o que é melhor para si.
UMA RESPONSABILIDADE DEMASIADO PESADA
É certo que nem tudo é mau em ser a herdeira do trono de Espanha. Por ter nascido onde nasceu, vive num palácio [e que palácio], tem uma vida privilegiada, tem estatuto e está rodeada de luxos e mordomias. Mas a infanta Sofia também tem tudo isso, sem ter sobre os seus ombros o peso que ela, Leonor, carrega desde sempre. Quantas vezes já terá tido vontade de trocar o seu lugar com a irmã?A somar a tudo isto, a princesa das Astúrias também tem de lidar com uma mãe austera. Uma mãe que, mais do que ela própria, sonha com o dia em que subirá ao trono e se tornará rainha de Espanha por direito próprio, pelo sangue azul que lhe corre nas veias [não como Letizia que só é chamada de rainha pelo seu casamento com Felipe].
Sem ter nascido na realeza, a antiga da jornalista transformou-se na mais real dos Borbón. É ela que zela para que nada mais manche a imagem da filha e da coroa. Letizia chamou a si o difícil papel de educar a futura rainha. É evidente que sempre contou com o apoio de Felipe VI, mas a rainha consorte tem a mania de controlar tudo, especialmente no que às filhas diz respeito. Desde sempre que foi ela a assumir o papel principal no que se refere à educação. Só que é aqui que enfrenta o seu maior dilema. Por um lado, sempre disse que queria que Leonor e Sofia tivessem uma vida o mais normal possível, igual a qualquer criança e, depois, a qualquer adolescente da mesma idade. Mas tem-se vindo a verificar que não é bem assim.
MÃE AUSTERA E CASTRADORA
Nem elas, pelo seu estatuto, são jovens iguais a todas as outras, nem a rainha é tão "liberal" como apregoa. Letizia é tida como uma mãe austera, controladora e que impõe inúmeras regras. Em Espanha, a imprensa sempre disse que tanto a princesa como a infanta levavam uma vida quase monástica. Rodeadas de luxos, mas com um acesso muito restrito à vida fora dos muros da Zarzuela. Quando já todos os seus colegas tinham telemóveis, elas estavam impedidas de ter um aparelho. O mesmo se passava com as redes sociais, algo proibido às filhas de Felipe VI.
Leonor, só se libertou um pouco do controlo apertado da mãe quando foi estudar para o País de Gales. O mesmo acontece neste momento com Sofia, embora a infanta tenha tido sempre uma vida um pouco mais facilitada que a irmã mais velha. Regressada do Reino Unido, a princesa mantém-se afastada da vista de Letizia, ainda que nada lhe escape. Frequenta a Academia Militar de Saragoça – contra a vontade da mãe e por imposição do pai – e tem sido vista em saídas noturnas com os colegas de caserna. Uma dessas saídas já deu muito que falar.
UMA JUVENTUDE VIGIADA E SEM LIBERDADE A herdeira do trono de Espanha foi "apanhada" numa discoteca (foi na discoteca Babia), em Saragoça, cidade onde cumpre a sua formação militar. A filha dos reis estava acompanhada de vários colegas e de alguns guarda-costas. Ainda assim, houve quem fizesse alguns vídeos da princesa naquele espaço noturno que foram, posteriormente, exibidos no programa 'Socialité' da Telecinco.
Várias testemunhas confirmaram que Leonor fumou cigarros eletrónicos. Tratar-se-à de um vício que terá começado há já dois anos e que a princesa não terá revelado aos pais. Também terá sido vista a consumir álcool. Foi dito – no referido programa de televisão – que Letizia mal soube de tudo isto terá ligado em fúria à filha. Felipe VI, por sua vez, também terá chamado a filha à razão. Segundo o site 'Monarquia Confidencial', o rei terá advertido a princesa Leonor pedindo-lhe que tenha cuidado e "mais cautela". "O rei quer evitar, a todo o custo, que as saídas com os amigos transmitam uma imagem negativa da princesa. Na Zarzuela não gostaram das últimas imagens de Leonor em festa". Parece que doravante, a herdeira, por decisão do seu pai, vai ser ainda mais controlada pela segurança.
FUTURO MARIDO PASSARÁ POR ESCRUTÍNIO APERTADO
Outro aspeto em que a futura rainha de Espanha se sente também muito limitada tem a ver com sua vida sentimental. Não ficará bem a Leonor andar rua de mão dada com um namorado. Além do mais, cada rapaz por quem sinta algum interesse mais especial será analisado à lupa. O seu passado será vasculhado tal como o da sua família. Com o estatuto que tem, Leonor não terá liberdade total para escolher o seu futuro marido, pois o papel que este terá na monarquia espanhola é deveras importante para não haver uma atenção cuidada em relação à escolha.
Apesar deste escrutínio tão apertado, a filha mais velha dos reis de Espanha já namorará com um antigo colega do UWC Atlantic College, o colégio que frequentou no País de Gales. Nestas férias da Páscoa, Leonor terá até embarcado na sua primeira grande viagem internacional só com amigos, com destino a Nova Iorque. Segundo a revista 'Hello', a jovem princesa ter-se-á encontrado com o namorado de origem brasileira, Gabriel Giacomelli. Ao que se sabe, Letizia sempre se mostrou muito intransigente com este namoro. Ter-se-á manifestado determinantemente contra esta viagem, mas como isso estava a provocar um profundo mal-estar e até um distanciamento da filha, acabou por não ter alternativa: aceitou a vontade de Leonor.
Por tudo isto – imposições, limitações, exigências, obrigações e deveres – não é nada fácil estar no lugar de Leonor. Especialmente quando a princesa das Astúrias, ao contrário de Letizia, parece não gostar dos holofotes, da posição de poder, de dominar e de ser uma figura de vulto. Resumindo, a princesa das Astúrias não é como a mãe que gosta muito de ser rainha e do lugar de destaque que ocupa [ou ocupava antes do escândalo Jaime del Burgo] na hierarquia da coroa de Espanha. E, por falar em escândalos, são eles também uma das razões que fazem Leonor olhar para a sua grande responsabilidade com alguma desilusão e desencanto.