
Leonor de Borbón, princesa das Astúrias, pode ter a sua subida ao trono comprometida. Quer isto dizer que a filha mais velha de Felipe VI, que nasceu para ser rainha, nunca venha a cumprir o destino que lhe está (ou estava) traçado desde o nascimento. Isto não é uma mera conjuntura ou devaneio da imprensa. A primogénita dos reis de Espanha pode mesmo nunca vir a sentar-se no trono do país vizinho. A razão dessa fatalidade pode ter a ver com uma cada vez mais forte hipótese da monarquia vir a cair. A instituição está "ferida de morte". Os seus pilares nunca abanaram tanto quanto agora e, isso, pode levar os espanhóis – deveras desiludidos com os Borbón – a ir às urnas [caso haja um referendo] e a escolher um regime republicano para o país.
O que não deixa de ser irónico, pois se isto vier a acontecer a culpa será toda inculcada a Letizia, ou seja, Leonor não será rainha por causa da sua própria mãe. E é essa mesma mãe que tem feito todos os esforços e sacrifícios para que nada se interpusesse na caminhada da princesa das Astúrias até ao trono. Ao longo de todo tempo em que tem estado ao lado de Felipe VI como rainha, a ex-jornalista empenhou-se em afastar todos os elementos da família do marido que poderiam ser um problema ao futuro real de Leonor. Os escândalos de corrupção que tiveram como protagonistas Iñaki Urdangarin [marido da infanta Cristina] e Juan Carlos [rei emérito e pai de Felipe VI] foram o início deste terramoto para a monarquia.
O INCANSÁVEL TRABALHO DA RAINHA
Letizia sempre se mostrou determinada a trabalhar para que os espanhóis voltassem a confiar e a respeitar a coroa. "Há uma contestação inegável de uma parte da sociedade espanhola que se pergunta se é necessária uma monarquia e se esta faz sentido. O que eu digo é que os reis estão conscientes disso e trabalham para adequar a instituição e o seu trabalho a estes novos tempos. Apostam numa monarquia mais transparente, mais simples nas formas e menos fechada. Considero que de alguma querem ser ‘embaixadores premium’ da excelência de Espanha, não mediadores, mas um casal de representação e diplomacia. Letizia não quer ser apenas uma pessoa que recebe flores e cumprimenta as pessoas, mas que quer trabalhar para o país de uma outra maneira", palavras de Mábel Galaz, jornalista e autora do livro ‘Letizia Real’.
Também pela continuação da monarquia e com o férreo desejo de ver, um dia, Leonor suceder a Felipe, a ex-jornalista nunca se importou com aquilo que diziam de si, embora se tenha sentido tantas vezes injustiçada e incompreendida. Houve alturas em que deu sinais claros de estar cansada de aparecer sempre como a "vilã". Exausta de ser dada como a mentora do afastamento de Felipe da sua família. Como a responsável pelo exílio do sogro. Letizia, que sempre foi republicana até casar, quis apenas limpar a imagem da coroa. Queria que a instituição voltasse a ser respeitada. Estava empenhada em defender o futuro de Leonor. Que a princesa herdasse um trono seguro e livre de escândalos.
MULHER ADÚLTERA: A IMAGEM DESTRUÍDA DE LETÍZIA
Essa dedicação pelo bem da coroa – e que sempre foi reconhecida... até pelos seus maiores detratores - acabou por se desvanecer da memória de muitos mal rebentou o escândalo que veio manchar para sempre a sua honra. Hoje, a imagem de rainha está fortemente abalada. Até aqui era retratada como uma mulher ambiciosa, fria, calculista, vingativa, teimosa e muito controladora. "É hiperativa, expansiva, impaciente, apaixonada, espontânea e dura de contrariar", acrescentou ainda Ángela Portero, uma das suas biógrafas mais polémicas. Só que agora, neste preciso momento, a rainha é sobretudo vista como uma mulher adúltera. Alguém capaz de se fazer passar por algo que não é de todo. "Especialista" na arte de enganar e dissimular. A rainha de Espanha está arrasada. Nunca pensou ter a sua dignidade, honra e reputação posta em causa. Sobre si recaem duras e pesadas suspeitas. Após as revelações feitas por Jaime del Burgo, ex-cunhado e suposto amante, serão poucos os espanhóis que consideram que a ex-jornalista mantém intacta a verticalidade, lisura e honestidade que eram das características mais apreciadas da sua personalidade. E Letizia tem consciência dessa suspeita.
A mulher de Felipe VI, que está a ser acusada de ter sido infiel ao marido, caiu com estrondo e, muito dificilmente, voltará a ser quem era. Será quase impossível que se volte a olhar com admiração para a rainha consorte como se olhava. Uma plebeia que se impôs na corte e aos Borbón pela sua integridade. Há - e haverá - uma mancha a ensombrar para sempre o seu nome. Mesmo que se venha a provar que as acusações de Jaime del Burgo não passam das fantasias mais ignóbeis de um homem que apenas se quer vingar daquela que um dia foi uma das suas melhores amigas e, por arrasto, acaba também por destruir a monarquia.
UMA DOR TÃO GRANDE QUE RASGA
A mulher de Felipe VI sofre. Sofre mesmo muito, pois parece que o seu casamento passa por uma nova e grave crise [a primeira foi em 2013 quando o rei acabou supostamente por ser informado pelo próprio del Burgo do hipotético romance que terá mantido com Letizia]. Os rumores de um possível divórcio crescem e já se levantam teorias de que os reis dissolverão o matrimónio em 2025 depois da infanta Sofia completar 18 anos. Não há certezas sobre isto, pois como dissemos não passam de teorias postas a circular.
Depois, o que mais magoa a rainha [esta talvez seja até a sua maior dor] é perceber que a filha, a sua tão querida filha, pode ter o seu futuro hipotecado pelo escândalo que envolve o seu nome. Mesmo que seja mentira, Leonor pode ser a maior vítima de Jaime del Burgo. E é isso que está a destruir Letizia. Mais do que ter o casamento por um fio. Mais até do que ver a sua honra manchada para sempre. Sabe que vai ficar na História do país. Mas não era assim que queria ficar: por ter sido a responsável pela infelicidade da princesa das Astúrias.