Numa altura em que se aproxima a data das eleições para eleger o novo presidente da República, a dúvida permanece sobre quem é o senhor que se segue a Marcelo Rebelo de Sousa e também há a curiosidade de saber se Belém voltará a ter uma Primeira-Dama oficial. No entanto, para alguns dos candidatos a resposta pode não ser assim tão óbvia, uma vez que, por exemplo, com André Ventura, assistimos a uma espécie de retrocesso ao longo dos últimos anos.
O mesmo é dizer que aquela que começou por ser uma relação exposta, com a companheira de sempre, Dina Ventura, acabaria por se alterar devido às mudanças e ao crescimento do próprio Chega. Se quando André Ventura fundou o partido o fez com a mulher a seu lado, partilhando, inclusivamente, várias fotografias pessoais a dois nas redes sociais, com o tempo perceberia que isso era prejudicial para a companheira a vários níveis. A solução foi uma gradual saída de cena da fisioterapeuta infantil, que agora só aparece em momentos-chave, como noites eleitorais, resguardando-se no resto do tempo.
"As pessoas naturalmente reconhecem-na, sabem quem ela é e respeitam a liberdade dela. Mas acredito que depois, fora do trabalho, haja outro tipo de mal-estar ou ameaças", revelou à Sábado Sandra Matias, amiga de Dina e mulher político Manuel Matias, em setembro de 2020, para mostrar como a vida de Dina começava a ser afetada pelos meandros políticos.
Por isso, à medida que a relevância política de Ventura ia aumentando, a presença da companheira nas redes diminuía drasticamente até desaparecer por completo. E o que antes eram imagens de férias ou partilhas da vida a dois foram totalmente eliminadas do Instagram de Ventura, que passou a ser meramente profissional. As próprias dinâmicas familiares acabariam por sofrer um revés, com o político a passar a andar em permanência com seguranças, num cuidado que se estende a toda a família, havendo a necessidade de que o rosto de Dina não esteja tão exposto para sua própria salvaguarda.
Hoje, até mesmo nas entrevistas mais pessoais que dá, há uma clara reticência de Ventura em aflorar a questão do casamento ou esmiuçar pormenores da sua vida com Dina Ventura, o que tem a ver com questões relacionadas com a segurança da família. E o impacto dessas mudanças é tanto que André Ventura tomou, aos 42 anos, uma decisão que compromete os sonhos de uma família numerosa, explicando que ter filhos é uma questão complicada, sobretudo quando ele próprio não dá dois passos sem estar protegido por seguranças.
"Ainda não desisti de ter filhos, gostava de ter. Mas vivo sempre com segurança, tenho sempre limitação nas deslocações que faço. Foi uma vida que eu escolhi, mas isso também me leva a pensar nas condições em que estou hoje, se tenho condições para dar aos meus filhos uma vida de segurança, que é o mínimo que eu lhes poderia querer dar e nós hoje temos de ter cuidados de segurança que eu não tinha há dez anos", explicou em conversa com Diana Chaves e João Baião no programa 'Casa Feliz', da SIC.
"Gostava de ser pai. Acho que deve ser uma experiência enriquecedora, que muda a nossa vida. Provavelmente um filho ia tornar o meu coração mais mole", disse, admitindo, no entanto, que esse sonho foi posto em banho-maria por causa da carreira política.