
JD Vance não é um nome com um longo portfólio na história da política. Foi apenas em 2022 que chegou ao Senado, altura em que era reconhecidamente anti-trumpista, atacando-o publicamente pelas suas políticas. Foi por isso com grande surpresa que se assistiu à ascensão do norte-americano na cena política ao lado de Trump e, ainda mais, à escolha deste para ser vice-presidente dos Estados Unidos. Mas a conveniência terá feito o casamento. Altamente ambicioso, JD Vance viu em Trump a oportunidade de ter os holofotes constantemente apontados a si, e o presidente precisava de alguém mais jovem a seu lado, disposto a tudo e que afastasse os fantasmas trazidos para o país devido à saúde instável de Joe Biden, com o fator idade a ser decisivo para a escolha. E claro que JD Vance teve de passar por algumas provas de fogo, passando a ser a voz que nem o próprio Trump ousava em levantar, nas alturas mais convenientes.
Quando Donald Trump, por exemplo, foi alvo de uma tentativa de assassinato o seu agora vice-presidente veio para a praça pública apontar Biden como grande responsável indireto. "A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser detido a todo custo", escreveu no X destilando ódio. Daí para a frente esteve sempre pronto para defender Trump até às últimas consequências, e na última semana, foi considerado o grande instigador dos ataques ao presidente ucraniano Vlodymyr Zelenksy na Casa Branca, revalidando o título de principal 'cão de fila' do presidente dos Estados Unidos.
Mas afinal, quem é o homem que parece estar disposto a tudo para defender aquele que outrora odiou? Oriundo de uma família pobre do Ohio, JD Vance, agora com 39 anos, tornou-se famoso depois de ter escrito o livro 'Hillbilly Elegy', em que conta como foi crescer num ambiente desfavorecido e como soube dar a volta rumo ao seu próprio triunfo. O vice-presidente de Trump foi criado pelos avós maternos porque o pai abandonou a família desde logo e a mãe tinha problemas com vícios. Tornava-se então num proeminente comentador político em televisão, onde não perdia uma oportunidade para criticar o seu agora mentor. Chegou mesmo a dizer publicamente que nunca gostou de Donald Trump, pedindo-lhe mais tarde desculpas públicas por isso.
De grande crítico de Trump, passou a adotar um discurso de Extrema Direita quando conseguiu uma vaga no Senado, ainda que a sua história de vida fuja um pouco a esses ideais. Além de todo o contexto em que foi criado, Vance escolheria para sua parceira de vida Usha, filha de imigrantes indianos que tiveram de lutar por uma vida nos Estados Unidos, orgulhando-se do percurso da filha, que se tornaria numa advogada de sucesso.
Foi na faculdade de Direito, onde ambos estudaram, que conheceu Vance, com quem se casaria mais tarde, sendo que os dois têm três filhos em comum. Por essa altura, ele já tinha servido a Marinha dos EUA, tendo sido enviado para o Iraque.
Usha trabalhava desde 2019 numa firma de advogados que se definia como "agressivamente progressista", tendo trabalhado em casos mediáticos de abuso sexual ou a defender processos de direitos autorais da Walt Disney. Porém, quando o marido se tornou oficialmente vice-presidente dos Estados Unidos apresentou a sua demissão.
Depois da polémica com Zelenksy, o vice de Trump e a família enfrentariam a ira popular. Ao saberem que Vance iria esquiar numa estância em Vermont, muitos esperaram-no envergando cartazes de revolta, acusando-o de estar a fazer a América "odiar outra vez".