
"É muito bom Lisboa ser um 'hub' internacional, é sempre bom ter influências do mundo inteiro". Foi assim que a mulher do novo presidente da Câmara respondeu quando foi questionada no ano passado sobre o que queria ver na capital daqui a 10 anos, ainda ninguém sabia que Carlos Moedas ia lançar a sua candidatura.
A frase diz muito sobre a própria Céline Abecassis-Moedas, de 49 anos. É francesa, filha de emigrantes, um de Marrocos e outro da Tunísia, e uma das avós era italiana. Já adulta, com o namorado Carlos, português, Céline foi viver em Nova Iorque, depois Londres, Lisboa, Bruxelas (por quatro anos)... e Lisboa novamente.
Apesar de querer ver a cidade a abrir mais as portas, garantiu que "ao mesmo tempo é muito importante que Lisboa continue com a sua alma. O problema de cidades muito, muito internacionais é que perdem um pouquinho a alma", disse em entrevista no ano passado para o podcast ‘Home Hunting’.
Celine tem visto com olhar curioso a cidade, que agora é a sua e a do seu marido recém-eleito autarca da capital, modificar-se desde 2004, quando se mudou para Campo de Ourique, onde vive até hoje, com Carlos Moedas e dois dos três filhos - Vera, hoje com 19 anos, e Arthur, 16. A mais nova, Rebecca, tem 12.
"Trouxe a minha mulher para Portugal em 2004, não falava uma palavra de português, não conhecia ninguém, não tinha amigos. Só podia ser amor", revelou Carlos numa entrevista recente no programa ‘Júlia’, na SIC.
No mesmo ano, Céline foi "recrutada" para a Catolica Lisbon, onde agora é diretora da Formação de Executivos, fundadora e diretora Académica do Center for Technological Innovation & Entrepreneurship e professora associada nas áreas de Estratégia e Inovação. Antes, Céline foi professora na Queen Mary University of London. No currículo trazia uma licenciatura em Economia e Gestão pela École Normale Supérieure de Cachan e na Paris-Sorbonne, seguida do mestrado em Gestão pela Université Paris Dauphine e o doutoramento em Estratégia Empresarial pela École Polytechnique.
Como professora, Céline tem uma visão muito clara de como gosta de ensinar. "O que se chama a 'lecture', esta coisa do anfiteatro enorme, foi sempre uma grande frustração na minha vida. Dar uma lecture significa que estou a falar com 200 pessoas que se eu encontrar algumas delas na rua, vão reconhecer-me mas eu não as reconheço. Isso é uma grande frustração. Não quero isso. Quero interagir com pessoas", comentou no podcast ‘Home Hunting’.
Mas não é a única área onde tem feito sucesso. No setor empresarial, é administradora não executiva da CUF (desde 2016) e da Vista Alegre Atlantis (desde 2020), tendo passado também pela Europac (de 2012 a 2019) e pelos CTT (de 2016 a 2020).
UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR
A história com Carlos Moedas começou em Paris, onde ambos eram estudantes. "Foi amor à primeira vista. Não tínhamos nada em comum", contou o presidente da Câmara a Júlia Pinheiro. "Ela é francesa mas vem do norte de África, eu era um português de gema, de Beja. Desde esse dia, nunca mais nos deixamos. É a grande força da minha vida. Conhecemo-nos em 1997 e casámo-nos em 2000. Em 1998, eu fui para os EUA e basicamente decidimos que nos íamos casar só que eu tinha que ir para os EUA então casamos em 2000".
Para Céline, começou uma longa ligação com Lisboa, mas mesmo depois de 15 anos continua a sentir-se "estrangeira com uma parte do coração lisboeta". "Adoro a cidade de Lisboa. Tenho três filhos, sempre expliquei aos meus filhos que quando a família cresce, o coração da mãe cresce. Também acho que em termos de cidade é a mesma coisa. Não tenho que dividir o meu coração entre Paris e Lisboa. O meu coração cresceu, agora tenho uma parte para Paris e uma parte para Lisboa".