'
THE MAG - THE WEEKLY MAGAZINE BY FLASH!

Vida de luxos, fraude e agressões aos funcionários. Os escândalos à volta de Sara Netanyahu, a mulher mais polémica de Israel

O currículo da mulher de Benjamin Netanyahu, Sara, está tão recheado de escândalos quanto o do próprio primeiro-ministro e ela já tem algumas condenações no meio.
Amarílis Borges
Amarílis Borges
02 de novembro de 2023 às 22:34
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
pub
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
pub
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
pub
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu
Sara Netanyahu

No início deste ano, uma multidão juntou-se à frente de um salão de beleza num luxuoso bairro de Telavive a gritar "vergonha, vergonha" para que uma cliente em especial ouvisse os protestos. Era Sara Netanyahu, mulher do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, quem estava no local a tratar dos cabelos e teve de sair do estabelecimento protegida por um grande aparato policial antes de entrar na limusine.

Há muito tempo que a ex-hospedeira e psicóloga educacional é uma figura controversa e aquele episódio nem foi o primeiro envolvendo os cabelos de Sara. Em outubro de 2020, numa das piores fases da pandemia da covid-19 e durante um rigoroso confinamento, a mulher de Netanyahu levou um cabeleireiro à sua casa para ajudá-la antes das gravações de um vídeo sobre a importância do uso da máscara. A pandemia já parece distante, mas ainda é possível lembrar das críticas a quem furou o confinamento.

As acusações contra Sara, que celebra 65 anos neste domingo, 5, vão muito além das suas madeixas. A mulher de Netanyahu tornou-se uma figura política e está envolvida em muitas das acusações que estão coladas ao primeiro-ministro – de fraude e uso indevido do dinheiro público. Sara ainda soma acusações e condenações por maus-tratos aos funcionários da residência do primeiro-ministro e há vários relatos de que controla as nomeações de figuras do governo de Netanyahu.

Para contar a história deste casamento é preciso recuar a 1989. Netanyahu viu a hospedeira da companhia El Al Sara Ben-Artzi no Aeroporto de Amesterdão Schiphol. "Estávamos em direções opostas [...] Ele olhou para mim até que teve que virar a cabeça. Então, no avião, veio à minha procura", disse ela numa entrevista antiga, citada pela ‘New Yorker’.

Por esta altura, Netanyahu já tinha dois divórcios e algumas histórias de relacionamento extraconjugais que abalaram as relações anteriores. Sara também era divorciada. Os dois casaram-se dois anos depois daquela troca de olhares, quando ela já estava grávida de vários meses do primeiro filho, Yair. Netanyahu terá tentado adiar o enlace, mas supostamente foi aconselhado pelo rabino de Telavive a seguir o plano, contou também a ‘New Yorker’.

Avner, o segundo filho do casal, nasceu três anos depois. Os dois irmãos não parecem ter uma relação com a irmã mais velha, Noa Roth, fruto do primeiro casamento do primeiro-ministro de Israel.

Ainda nos primeiros anos de relação, Sara e Netanyahu enfrentaram uma forte crise quando o político confessou numa entrevista em 1993 ter sido infiel à mulher. Os anos seguintes, de campanha eleitoral, foram marcados pela presença constante de Sara, que acompanhava o marido em todos os passos. Desde o primeiro mandato de Netanyahu, entre 1996 e 1999, Sara é alvo de críticas por ter explosões de raiva durante entrevistas e pelas histórias que saíam da residência oficial.

MAUS-TRATOS, ABUSO PSICOLÓGICO, RACISMO

Sara Netanyahu já foi várias vezes acusada por antigos funcionários da residência de maus-tratos e violação dos direitos dos trabalhadores. É difícil contabilizar os casos desde os anos 1990, tantas são as denúncias na imprensa. Certo é que dois funcionários foram indemnizados em ações judiciais. Um deles é Meni Naftali, que, em 2016, viu um tribunal dar como provadas as "exigências exageradas, insultos, humilhações e explosões de raiva" de Sara. "Os funcionários também eram obrigados a trabalhar longas e incomuns horas. Devido a tudo isso, a taxa de rotatividade dos funcionários da residência do primeiro-ministro era elevada, e havia uma escassez crónica de funcionários." O homem, que era chefe de equipa, recebeu 42 mil dólares de indemnização.

Antes disso, a maior polémica de Sara era a acusação da ama dos seus filhos, Tania Shaw, que disse ter sido demitida de forma violenta por ter deixado uma sopa queimar, tendo sido obrigada a sair pelos seguranças da casa.

Em 2020 e 2021 surgiram novas acusações cujo desenvolvimento ainda não foi revelado. Um dos funcionários que agora quer uma indemnização, Yaakov Kadosh, trabalhou cinco anos com a família do primeiro-ministro e alega que Sara tinha uma má conduta com os funcionários de origem etíope, além de também ter testemunhado episódios de alegadas agressões psicológicas. Os Netanyahus sempre rejeitaram todas as acusações de maus-tratos aos funcionários. 

O CASO DAS REFEIÇÕES DE 100 MIL DÓLARES

Em 2019, Sara Netanyahu foi considerada culpada por uso indevido de dinheiro público, no caso das refeições de cerca de 100 mil dólares. O Ministério Público mostrou como a mulher do primeiro-ministro passou três anos a encomendar refeições em restaurantes luxuosos, apesar de dispor de uma equipa de cozinha na sua residência.

Ao longo de todo o processo, a mulher de Netanyahu negou ter cometido qualquer fraude, mas no final aceitou um acordo em que admitia ter gasto 49 mil dólares para reduzir a pena. Acabou por pagar uma multa de 2,8 mil dólares, mais 13 mil dólares de reembolso ao Estado.

OS PRESENTES DOS AMIGOS

Antes dos ataques do Hamas de 7 de outubro, que deram início ao conflito com Israel, a maior dor de cabeça do primeiro-ministro israelita eram os julgamentos pelos três casos de corrupção em que ele arrisca pena de prisão.

No primeiro processo, conhecido como Caso 1000, ele está a ser julgado com a mulher pelos presentes de luxo que os dois receberam ao longo de anos, numa suposta linha de fornecimento de champanhe, joias e charutos especiais para o primeiro-ministro.

Um dos amigos, o magnata de Hollywood Arnon Milchan, terá enviado caixas de champanhe a pedido de Sara. Em troca, o produtor terá tido ajuda na obtenção de um visto de residência nos Estados Unidos.

Os luxos de Sara são um problema também para as Finanças. Em fevereiro, uma comissão parlamentar aprovou um aumento de milhares de dólares por ano para a família de Netanyahu, incluindo a cobertura de despesas de duas casas, despesas com vestuário e maquilhagem. Todas essas polémicas já valeram à ex-hospedeira as alcunhas de Imelda Marcos e de Maria Antonieta de Israel.

O ACORDO SECRETO

Além da paixão pela vida de luxos, Sara Netanyahu soma inimigos em Israel pela suposta capacidade de influenciar as decisões do marido, isso inclui as nomeações políticas. Um dos maiores escândalos aconteceu em 2010, quando uma amiga e confidente de Sara, Bracha Shor, foi apanhada a dizer num email que a mulher de Netanyahu estava a impedir a nomeação de um diplomata a embaixador na ONU.

"Alon, como disse desde o princípio, quem decide é ela e não estava disposta a retratar-se. Fiz tudo o que podia - talvez ainda possa fazê-la mudar de ideia", dizia a mensagem de Bracha a Alon Pinkas que foi divulgada na imprensa.

Em janeiro deste ano, o ex-ministro das Finanças e Defesa Avigdor Liberman afirmou em tribunal que a mulher do primeiro-ministro estava envolvida nas nomeações políticas nos mandatos anteriores de Netanyahu, como primeiro-ministro.

"Sim, certamente" houve intervenção ativa de Sara nas nomeações, disse o ex-ministro. Em tribunal, várias testemunhas argumentaram que esta intervenção diz respeito tanto a transferências de secretárias como a entrevistas a alto funcionários.

você vai gostar de...


Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável