Não é excesso de zelo! Estamos a pouco mais de um mês do Natal, daqui a nada já não se consegue circular nos corredores dos centros comerciais e, além disso, quanto mais nos aproximamos da data, mais tendência temos para pegar na primeira caixa de chocolates que nos aparecer à frente só com a neura de, com a pressão, já nem conseguirmos pensar em nada de original para oferecer a determinada pessoa. Como os livros são sempre uma boa opção, deixamos aqui excelentes histórias, de autores portugueses e estrangeiros, que vão fazer a diferença na vida de quem os receber.
As Últimas Linhas Destas Mãos, de Susana Amaro Velho
Muitos anos depois da sua publicação, que data de 2017, o livro 'As Últimas Linhas Destas Mãos', de Susana Amaro Velho, ganha uma nova vida ao ser, agora, reeditado pela Leya, num texto completamente diferente, rescrito pela autora, numa versão mais madura que reflete as suas próprias mudanças. Nele, pode ficar a conhecer a história de Teresa que, ao se deparar com um molho de cartas, depois da morte da mãe, vai mergulhar a fundo nas memórias desta e saber o que lhe faltava sobre a mulher que lhe deu vida, ajudando a preencher buracos vazios em descobertas que tudo mudam. É sobre o que aprisionamos dentro de nós, como somos toldados pelas escolhas e as dores que, por vezes, não conseguimos explicar por palavras, mas que nos definem.
Atos de Desobediência, de Helena Magalhães
Helena Magalhães publicou o seu primeiro livro em 2017, numa altura em que a sua juventude a impelia a contar outro tipo de histórias, e desde então foi trilhando o seu percurso, tornando-se numa das vozes contemporâneas da literatura nacional. Lançou recentemente 'Atos de Desobediência', o seu quinto livro, que nos mostra a sua versão mais madura, numa narrativa que satiriza o próprio mercado dos livros onde a autora se move, mas que é muito mais do que isso. "É o romance que mais acompanhou as minhas próprias mudanças pessoais, acabei de fazer 40 anos e sinto-me tão ambígua e defasada como a personagem", disse sobre o universo de Glória, uma escritora que depois de ter saboreado o sucesso se deparou com dois fracassos literários e tem à sua frente consecutivas páginas em branco. "É um livro sobre crescimento pessoal, o impacto do trauma infantil na vida adulta e queria fazer uma dicotomia com a vítima perfeita / vítima questionável aos olhos do leitor, cada pessoa reage ao trauma de forma diferente", explicou à FLASH! para descrever aquele que é, sem dúvida, o seu livro mais denso, apesar de se ler de forma voraz.
Se Este Foi o Meu País, de Luísa Castel-Branco
De uma frase e da necessidade de não deixar que se esqueça aquilo que se viveu durante o período do Estado Novo, e que a censura tentou apagar, nasceu o 15º livro de Luísa Castel-Branco e também aquele de que mais se orgulha. 'Se Este Foi o Meu País' conta a história de quatro mulheres de uma classe privilegiada, num genuíno retrato de época, em que a autora nos nos transporta para tempos não assim tão distantes, com verdade e sem os romantizar. "Acima de tudo, o que é que eu penso muitas vezes? É que quando a minha geração acabar, não há ninguém que tenha vivido isto e o perigo de não ter ninguém que tenha vivido isto é seduzir-se com certos discursos, que o que fazem é cobrir a realidade", explicou sobre o seu mais recente romance.
A Boba da Corte, de Tati Bernardi
Para quem pretende uma coisa leve, que arranque gargalhadas, mas não deixe de fazer pensar, 'A Boba da Corte' é o livro que todos devíamos ler. É definido como auto-ficção, o que quer dizer que Tati Bernardi nos faz percorrer o seu trilho de quem veio de baixo e ainda tenta encontrar o seu lugar numa determinada elite, num equilíbrio entre necessidade de pertença e repulsa que a autora brasileira descreve de forma certeira e com um humor refinado que torna este livro muito divertido.
Se um dia Voltarmos, de Maria Dueñas
Para quem gosta de grandes narrativas, profundas, 'Se Um dia Voltarmos' tem o selo de qualidade dos livros de Maria Dueñas, que escreveu o inesquecível 'O Tempo Entre Costuras'. Esta história leva-nos até à Argélia de 1920 e conta a história de Ana Cecilia Belmonte, uma jovem espanhola, de apenas 17 anos, que foge de casa após um episódio traumático. Sem documentos nem destino, atravessa o mar Mediterrâneo e refugia-se numa terra estranha. Num ambiente hostil, encontra trabalho nas fábricas de tabaco, enfrentando humilhações, perigos e perdas, mas também alianças inesperadas, vínculos e paixões.