'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Weekend Streaming

Porque é que está tudo louco com a série da Netflix 'Adolescência'? Nós vimos e ajudamos a explicar o fenómeno

Sem cair num cliché e com uma narrativa muito própria, 'Adolescência', a série que conquistou o top da Netflix, leva-nos a refletir sobre uma série de questões fulcrais dos dias que correm e a pensar que este não é um problema assim tão distante: podia ter acontecido na nossa própria família.
19 de março de 2025 às 21:56
Adolescência
Adolescência

Com o catálogo interminável das plataformas de streaming e as dezenas de séries que estreiam a cada semana, é difícil retermos a maior parte das histórias durante muitos dias, o que quer dizer que, na maioria dos casos, vemos os episódios, eles cumprem o seu requisito básico que é entreter, mas se nos perguntarem daqui a duas semanas detalhes do enredo, provavelmente já nem nos lembramos muito bem. 

Então, o que é que a série da Netflix 'Adolescência' tem de especial para que, durante dias a fio, não se fale de outra coisa? Fomos ver para tentar entender o fenómeno, mas não se preocupe que não vamos dar 'spoilers'. Em traços gerais, em quatro episódios de cerca de uma hora, seguimos a história de Jamie Miller, um miúdo de 13 anos que é acusado de homicídio a uma colega de escola.

Adolescência
Adolescência

Em primeiro lugar, a série tem um fator diferenciador da maioria e que faz com que assuma uma narrativa muito própria: é filmada sem cortes, num plano contínuo. Mas se ao início estranhamos, rapidamente os nossos olhos se habituam à mudança, que acaba por dar à história um tom mais realista.  

Depois, outra coisa que cativa imediatamente é o facto de a história não cair num cliché. Se numa premissa deste tipo, poderíamos estar à espera que Jamie fosse o típico miúdo de uma família problemática, pai alcoólico ou mãe prostituta, uma violência doméstica para alavancar a história de como a nossa bagagem influencia os nossos comportamentos na vida, a história afasta-se disso. Jamie é um miúdo britânico de uma família normal, com dramas comuns a todos nós, com os problemas na escola iguais à maioria dos rapazes, num tempo em que o bullying online se torna muito difícil de ver a olho nu para grande parte dos pais.

"Podíamos ter feito um drama sobre gangues e crimes com facas, ou sobre um miúdo cujo pai é um agressor violento. Em vez disso, queríamos que olhassem para esta família e pensassem: ‘Isto podia estar a acontecer-nos", disse Stephen Graham, que escreveu esta história que parte de uma pergunta, cuja reflexão fica no ar: “O que é que faria se o seu filho adolescente fosse acusado de homicídio?"

O autor explica que a ideia base da história surgiu depois de ter sido confrontado com um facto real que o deixou a pensar. “Houve um incidente em que um rapaz esfaqueou uma rapariga. Isso chocou-me. Fiquei a pensar ‘O que é que se na sociedade quando um rapaz esfaqueia uma rapariga até à morte?’ Eu só queria mesmo lançar uma luz sobre o assunto e perguntar: ‘Porque é que isto está a acontecer hoje? O que é que se está a passar? Como é que chegámos a isto?’".

Adolescência
Adolescência

E a verdade é que a série nos deixa a pensar precisamente em todas essas questões, que não acontecem só aos outros. Até que ponto estamos atentos aos nossos filhos? Até que ponto o stress permanente em que vivemos não nos torna numa espécie de 'autistas', que se fecham numa bolha, não olhando, efetivamente, para o que se está a passar? Como é que o bullying pode destruir a auto-estima de um miúdo ao ponto de o levar a isolar-se com os seus fantasmas, com a família alheia ao que lhe vai na cabeça?

A escrita levou a um processo de reflexão do próprio autor, que agora é transversal a todos nós, que acabamos de ver a série. “É uma viagem que nunca tinha feito como escritor e que me assustou e entusiasmou”.

Saber mais sobre

você vai gostar de...


Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável