
Se aquela rua falasse, diria certamente que na sua longa vida já viu demais: casamentos, divórcios, beijos roubados, chapadas dadas com vontade, que já aguentou bebedeiras às dezenas e curou ressacas, mas que também já recebeu despedidas de solteiro, aniversários e encontros de amigos a dançar e a rir à gargalhada até o sol nascer.
Depois de ter passado por uma crise, com os principais espaços a fecharem portas por causa da pandemia, a rua cor-de-rosa, no Cais do Sodré, em Lisboa, começa aos poucos a voltar à vida. É certo que grande parte dos bares/discotecas [todos eles com nomes de países ou cidades distantes] ainda não reabriram, mas há esperança para a rua que, de degradada, se tornou pink e, de repente, se tornou no sítio da moda para locais e turistas.
No início do mês de setembro, o Copenhagen, já na Rua de São Paulo, na esquina com a rua cor-de-rosa, reabriu portas devolvendo ao Cais do Sodré os ritmos do hip hop e R&B. Com uma decoração renovada, o bar não pretende ser mais um sítio para ‘emborcar cervejas’ e aposta agora nos cocktails para criar um ambiente intimista em que se possa, além de dançar, trocar dois dedos de conversa. Tanto que a abertura faz-se bem cedo, pelas 17h como alternativa para beber um copo ao final do dia. Desta forma, os responsáveis pretendem piscar o olho a um público mais velho e privilegiar o convívio nos sofás à pista de dança.
Na mesma rua, reabriu também este verão a Pensão Amor, mas há muitos clássicos em falta. Os míticos Tokio, Jamaica e Europa desertaram da rua cor-de-rosa e prevê-se que reabram no renovado Cais do Gás, junto ao rio, ainda este ano. E até já há data para a grande festa: marque na sua agenda dia 30 de setembro. A FLASH! promete estar lá e contar como tudo aconteceu e se vale ou não a pena.
Num espaço totalmente criado de raiz, vai ser possível reviver os sons míticos destas discotecas, do rock ao raggae, mas em ambiente renovado e com muitas mudanças, a começar pelos copos que serão reutilizáveis e todo um projeto pensado para ser mais sustentável. Já a animação de sempre estará garantida.
Nesta mudança, o Tokio e o Jamaica adaptam-se ainda aos novos tempos através da criação de uma aplicação, onde é possível comprar bilhetes e garantir uma entrada mais rápida nos espaços, assim como conhecer toda a programação disponível.
Já o Viking, cujas noites se tornaram famosas pelo show da dançarina erótica Mónica, está ainda em obras para tristeza de muitos. Quem não se lembra da noite em que o ator Pedro Teixeira, entusiasmado, até deixou a marca dos dentes no rabo da stripper. "Deu-me palmadas no rabo, faz parte do show, mas depois quando me ia ferrar no rabo, ferrou com muita força e magoou-me", acusou Mónica na altura, ameaçando o ator com um processo judicial.
DE SÃO PAULO À BICA, O QUE ESTÁ NA MODA
Com os bares da rua cor-de-rosa maioritariamente fechados, o centro da diversão começou a subir pela rua de São Paulo acima, até se chegar à Bica, onde abriram espaços que, mais do que turistas, conquistaram o coração dos alfacinhas e portugueses, no geral. Na Musa da Bica, por exemplo, é possível beber uma vasta gama de cervejas artesanais, acompanhado por um petisco e a ouvir boa música. Ou, como alternativa, há a Tabacaria, um bar muito pequeno e cozy que muitos dizem servir os melhor cocktails de Lisboa. Se preferir beber uma mini ao ar livre, pode optar pelo quiosque do Largo de São Paulo.
Espaços trendy que renovam uma zona que tem tanto de mítica como de mística, com as ruas escuras a esconderem os segredos do que lá se vive um fim-de-semana após o outro.