
O procedimento não é comum, mas face a toda a situação que se vivia em maio, o juiz responsável pelo processo de violência doméstica movido por Betty Grafstein decidiu, ele próprio, deslocar-se ao Hospital Cuf Cascais para ouvir ao vivo e a cores a socialite norte-americana.
A revelação é feita pelo 'Expresso', que dá conta que, no passado dia 8 de maio, uma comitiva liderada pelo juiz Pedro Faria de Brito, acompanhado por uma escrivã do Tribunal de Sintra, uma procuradora do Ministério Público e um tradudor, iria até à unidade de saúde para tentar obter um depoimento de Betty sobre a alegada violência.
Betty já tinha sido ouvida pelo GNR que investigou em primeira instância o caso, mas a falta de detalhes levaria o juiz a tomar a decisão de se deslocar ao hospital. No entanto, não conseguiu obter um testemunho. "A testemunha apresentava-se extremamente confusa, eventualmente medicada e com pelo menos um episódio de choro convulsivo", é referido no documento a que o 'Expresso' teve acesso.
Betty queixava-se ao juiz já ter sido ouvida demasiadas vezes e "questionada expressamente se queria relatar factos que pudessem incriminar o marido, resondeu não".
O juiz admite ainda que, como tal, Betty poderá ser chamada a ser ouvida por videoconferência, uma vez que todas as suas declarações oficiais poderão não ter a sustentação necessária. "Foi tentada a comunicação com a vítima, o que não se mostrou possível por esta apresentar manifestas dificuldades psicológicas e físicas. Apresentou-se sempre chorosa e em quase permanente monólogo, como ficou registado em vídeo e áudio", lê-se ainda.
Apesar da ausência de um testemunho, a comunicação com Betty foi incluída no rol de provas, uma vez que poderá ser útil para esclarecer o estado psíquico da americana, de 96 anos.
Depois da acusação, a defesa de José Castelo Branco requereu a instrução do processo e só depois desta fase será agendado o julgamento.