
Há um mês que a vida como a família Ribeiro Telles a conhecia mudou para nunca mais voltar a ser a mesma. Graça Ribeira Telles serguia rumo a casa com os cinco filhos no carro quando sofreu um brutal acidente, na zona de Coruche, que provocaria a morte ao bebé Vicente, de apenas dois meses.
De lá para cá, Graça e o marido, João Caldeira, mal têm tido tempo para processar tudo o que lhes aconteceu, pois a cabeça mantém-se ocupada com a recuperação das filhas, sobretudo Carmo, de sete anos, e Graça, de seis, cujo estado inspira mais cuidados e que se mantêm internadas no Hospital de Santa Maria.
No entanto, em entrevista à TV Guia, João Caldeira assume também que os desafios se revelam em todas as frentes, até porque apesar de já terem tido alta, Assunção, de nove anos, e Amélia, de seis, também se deparam com questões demasiado duras para as suas tenras idades.
"Tem sido difícil principalmente por causa do irmão [Vicente], mas com o espírito que lhes foi incutido sempre, apoiando-nos uns aos outros e a vida continua. A mais velha já está a ir à escola e tudo", contou à TV Guia, acrescentando que a vida se divide agora entre uma tentativa de normalidade com as meninas que já tiveram alta e o Hospital de Santa Maria, onde os seus corações e atenções se focam de forma permanente.
As notícias vão trazendo alguma esperança, mas sempre com a consciência de que a recuperação é morosa e que tem de ser vivido um dia de cada vez.
Carmo, de sete anos, tem evoluído favoravelmente e as perspetivas dos médicos são animadoras.
"Face ao que era o quadro inicial, em que não sabíamos como iria acordar depois de começarem a retirar os sedativos e como seria a recuperação a partir daí, tem tido uma recuperação bastante boa. Ainda não há previsões de alta, até porque está muito condicionada fisicamente por causa das fraturas nas pernas. Mas vai no bom caminho e ao dia de hoje achamos que há uma probabilidade grande de ficar a 100%", afirmou João Caldeira.
Graça, de seis anos, é quem tem a maior luta pela frente. As lesões que sofreu na medula fazem com que a recuperação se adivinhe mais lenta, com mais espinhos no percurso, ainda que toda a família de mantenha unida em torno de uma grande fé.
"A recuperação está a ser lenta, mas tem havido uma ligeira recuperação das lesões abdominais que teve. O futuro neste tipo de lesões medulares é muito difícil, mas prognósticos só daqui a uns meses. Sofreu lesões graves na medula e a única coisa que joga a favor é mesmo o facto de ela ser muito nova. Esse risco [de não andar] existe desde o início e mantém-se, mas a Deus e à medicina nada é impossível", revelou o pai das meninas à TV Guia.