
Luís Montenegro continua a não querer assumir a gravidade da polémica com a Spinumviva e voltou a irritar-se quando, durante a Feira de Espinho, um jornalista lhe perguntou: "Valeu a pena insistir na teimosia de manter a empresa familiar e levar o País para eleições?"
"Não tem mais nenhuma pergunta para me fazer todos os dias?", atirou Montenegro.
O líder da AD insiste que o assunto não é relevante para as eleições, apesar desta quebra de ética e transparência ter ditado a queda do Governo, após o chumbo da moção de confiança.
Recorde-se que, quando assumiu o cargo de Primeiro-Ministro, Montenegro passou as suas quotas da Spinumviva para a mulher, Carla... o que significa que obviamente continuava a colher os lucros da empresa, já que estão casados em comunhão de bens.
Na declaração entregue na Entidade da Transparência, Montenegro não indicou "atos e atividades suscetíveis de gerarem incompatibilidades e impedimentos" - documento onde deveria constar, por exemplo, o trabalho para o grupo de casinos Solverde, um dos clientes da Spinumviva, que lhe pagava uma avença mensal de 4.500 euros.
"Se o Governo der a concessão novamente à Solverde, vai ficar sempre a suspeita na comunidade - ainda que mereça ganhar - que ganhou porque andou a financiar o Primeiro-Ministro durante não sei quantos anos", explicou Paulo Veiga Moura, especialista em Direito Administrativo, à 'CNN Portugal', que entende, por isso, que a imparcialidade ficou "ferida".
O que é certo é que, depois da polémica, Carla Montenegro acabaria por doar a quota maioritária aos dois filhos do casal, deixando assim finalmente de ser gerente da empresa. E também a Solverde tomou a decisão de cessar a ligação à Spinumviva.