
Depois do adiamento, provocado pelo apagão, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos enfrentam-se, finalmente, esta quarta-feira, dia 30, num frente a frente com o líder da AD parte em vantagem, com as últimas sondagens a darem conta que o primeiro-ministro continua a linha ascendente na preferência dos portugueses.
Nas instalações da Nova SBE, em Carcavelos, os dois vão travar-se de argumentos e mostrar as suas ideias para o País, enquanto em casa haverá duas grandes sofredoras, a roer as unhas com um debate. Apesar de seguirem linhas opostas na política, os dois candidatos seguem, no entanto, caminhos idênticos no amor, onde os longos e estáveis casamentos marcam a vida dos dois.
No caso de Luís Montenegro, o cenário é peculiar: o primeiro-ministro, conta-se, nunca teve outra namorada, com Carla, que conheceu na escola em Espinho, a tornar-se na mãe dos dois filhos e a acompanhá-lo pela vida fora. O suporte foi sempre gigante. Enquanto o homem-forte da AD, passou os últimos anos com a casa às costas, com o seu papel de deputado a levá-lo a passar a maior parte do tempo em Lisboa, a mulher 'segurava as pontas' em Espinho, desdobrando-se entre o trabalho na área da Educação de Infância, que sempre manteve, e a educação dos filhos.
Nas muitas entrevistas que deu, Montenegro assumiu, aliás esse papel de mérito a Carla, que tantas vezes foi mãe e pai. "
"Foi muito duro. A minha mulher fez um esforço enorme nos primeiros anos de vida dos nossos filhos porque eu passava metade da semana fora de casa, mas era preciso conciliar o emprego dela com todas as tarefas subjacentes ao período em que os meus filhos estavam fora da escola, portanto tinham de fazer os trabalhos", explicou Luís Montenegro.
No entanto, depois de vários anos a viver à distância, Carla tomaria a decisão de acompanhar o marido quando este foi eleito Primeiro Ministro, numa altura em que os filhos já eram maiores e não dependiam de si, tornando-se na nova Primeira Dama portuguesa. Este apoio acabou por revelar-se fundamental, com Montenegro a agradecer, certamente, a presença numa altura em que a 'bomba' da Spinumviva e o alegado conflito de interesses na gestão da empresa familiar estoirou.
PEDRO NUNO SANTOS E A MULHER QUE DEIXOU TUDO POR AMOR
Casar com um político, com responsabilidades a nível nacional, pode ser um ato de amor e de abnegação pessoal e a companheira de Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Gamboa, sabe bem daquilo que falamos. Os dois conheceram-se no universo político, onde ambos mantinham sonhos e ambições. Mas cedo Catarina percebeu o fardo que, por vezes, seria movimentar-se na mesma área do que o pai do filho.
Pedro Nuno Santos sempre fez de tudo para manter a família unida, no entanto, nem sempre foi possível proteger a mulher.
Em 2019, por exemplo, o então ministro das Infraestruturas viu a idoneidade da companheira questionada, quando esta foi nomeada nova chefe de gabinete da secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares. Perante as questões que surgiram, o político acabaria por fazer um longo esclarecimento nas redes sociais, em que lamentava que o profissionalismo de Ana Catarina Gamboa tivesse sido posto em causa, apenas pelo facto de ser sua mulher.
"A Catarina, que é a minha mulher e a mãe do meu filho Sebastião é, também, a Catarina Gamboa: excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança", escreveu Pedro Nuno Santos.
"O povo tem o direito de questionar e de querer garantir que os cargos de poder político não são usados para que alguns se sirvam a si e às suas famílias. E é obrigação dos políticos não apenas garantir que essa situação não tem lugar, mas também responder, com verdade, às dúvidas e perplexidades que possam surgir", escreveu, acrescentando ter o dever de esclarecer o assunto, tanto para o povo português como pelo bom nome da família. "Para com o povo português mas também por respeito ao Duarte e, sobretudo, à Catarina, que não merece ser menorizada no seu percurso profissional – que nada deve a mim – apenas por ser minha mulher".
"Podia dizer que a nossa história é tão banal como a de qualquer outro casal. Mas compreendo que o grau de escrutínio público a que estamos sujeitos, pelas nossas funções, não possa ser banal. É por compreender essa necessidade de transparência que também gostaria que compreendessem que não posso abdicar da defesa de um princípio que considero muito importante: o de que ninguém deve ocupar uma função profissional por favor, como ninguém deve ser prejudicado na sua vida profissional por causa do marido, da mulher, da mãe ou do pai", concluiu.
Apesar de se terem conhecido na vida política, Pedro Nuno Santos e Ana Catarina Gamboa tomaram uma decisão drástica assim que o líder do PS anunciou a sua candidatura: a mulher deixou o seu trabalho para não gerar conflito de interesses.
Foi também logo no início da campanha eleitoral que o candidato socialista afirmou que não iriam ver a companheira na campanha e que iria respeitar inteiramente a decisão de manter a mulher resguardada, na retaguarda. "Foi na política que a conheci. Nós tentamos separar [a vida familiar do trabalho], nós queremos o sucesso um do outro", afirmou.
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"Nós partilhamos uma vida, tomamos opções em conjunto, e essas opções às vezes têm consequências num dos dois", argumentou.
Ao deixar o cargo de chefe de gabinete com quem trabalhava há 10 anos, a mulher de Pedro Nuno Santos abdicou de um ordenado bruto de 4.828,66 euros, aproximadamente 2.784,05 líquidos, segundo o site do governo.
Um sacrifício pela família que se mantém, numa altura em que, apesar de estar fora do Governo, volta e meia Catarina vê o seu nome novamente nas bocas do mundo, tendo sido a última ocasião, devido aos investimentos imobiliários que fez com o marido, com Pedro Nuno Santos a ver-se obrigado a esclarecer a proveniência do capital da família.
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Ainda assim, a relação sobrevive à polémica, com os dois a manterem a harmonia familiar na vida com o único filho, Sebastião, sobre o qual o líder socialista fala com enorme carinho.