Asia Argento divulgou esta terça-feira, 21, um comunicado em que nega ter mantido relações sexuais com o jovem ator Jimmy Bennett, alegando que a acusação de ter feito sexo com um menor é uma "perseguição que durava há muito". Mas, no dia em que fala pela primeira vez sobre o caso, o site 'TMZ' divulgou mensagens da realizadora italiana com Anthony Bourdain que sugerem o contrário.
Asia explica na nota que está "profundamente chocada e magoada" pelas imagens e documentos divulgados pelo 'New York Times' no último domingo. "Nunca tive uma relação sexual com Bennett", esclarece, acrescentando que em 2016 o seu namorado, Anthony Bourdain (que cometeu suicídio em maio) temia "a publicidade negativa" que Bennett, "que considerava perigoso", poderia criar.
"Anthony tratou pessoalmente de ajudar Bennett economicamente, sob condição de que não se intrometesse mais nas nossas vidas", relata Asia.
No domingo, o 'New York Times' já falava dos problemas financeiros de Bennett, que lutou contra os seus pais em tribunal por causa de um fundo financeiro. De acordo com os advogados de acusação, Bennett associa os seus problemas económicos aos danos psicológicos sofridos após o alegado encontro sexual entre ele e Asia em maio de 2013.
REVELADAS MENSAGENS ENTRE ANTHONY BOURDAIN E ASIA ARGENTO
Por sua vez, o site 'TMZ' revelou uma troca de mensagens nas quais o 'chef' Anthony Bourdain propõe pagar 300 mil dólares (332 mil euros), sublinhando que não se trata da "compra do silêncio, é simplesmente uma oferta para ajudar uma alma torturada", terá escrito Bourdain.
O 'chef' nova-iorquino continua: "Ou dizes para ele f****. De qualquer forma, estou contigo". Ao falar de um possível acordo, Asia confessa ao namorado: "Estou falida".
Nesta altura Bourdain deixa claro que vai tratar das negociações, dando instruções a Asia para falar com um advogado.
Noutras mensagens, Asia diz que "não foi violação". "Mas eu estava paralisada. Ele estava em cima de mim. Depois disse-me que eu tinha sido uma fantasia sexual desde que ele tinha 12 [anos]".
As mensagens com Bourdain vão de encontro com as últimas notícias em que Asia terá deixado claro aos advogados que não queria um "acordo de não divulgação", medida adotada por Harvey Weinstein para silenciar as suas vítimas. O mesmo magnata que ela acusou de a ter violado em Cannes.
"Não estás a comprar o silêncio, apenas liberdade na inconveniência, e a ajudar um pobre parvo a endireitar a sua vida", relata o 'TMZ' sobre as mensagens de Bourdain. Ao que Asia responde: "Nunca vou comprar o silêncio dele por algo que não é verdade dado que eu também estou falida".
RELAÇÃO MÃE E FILHO
Asia Argento e Jimmy Bennett conheceram-se durante as gravações do filme 'The Heart Is Deceitful Above All Thing', de 2004, que ela realizou e atuou como mãe do jovem.
Os 2 mantiveram uma relação de proximidade e tratavam-se em público como mãe e filho. A história da alegada agressão sexual remonta a um encontro a 9 de maio de 2013, que a atriz italiana fez questão de mostrar aos seus seguidores do Instagram.
Asia, de 37 anos de idade na altura (agora com 42 anos), e Jimmy, 17 (agora com 22 anos), estiveram juntos num hotel na Califórnia, Estados Unidos, na companhia de um familiar do jovem.
Na acusação divulgada agora, a atriz terá pedido ao familiar de Jimmy para ir embora. Embebedou o rapaz de 17 anos, tirou-lhe a roupa e atirou-o para a cama do hotel. Após o suposto ato sexual, Asia pediu ao ator para tirar selfies, que entretanto chegaram à redação do 'New York Times', mas que não foram publicadas, em que será possível ver os 2 na cama, de tronco nu.
#METOO DESCREDIBILIZADO? FUNDADORA DIZ QUE "NÃO HÁ UM SOBREVIVENTE-MODELO"
Meses depois deste suposto incidente, Asia Argento tornou-se uma das vozes mais sonantes nas dezenas de acusações contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, que resultou numa onda de protestos sobre agressão e assédio sexual contra mulheres.
Esta terça-feira, a criadora da hashtag "Me Too", Tarana Burke, declarou no Twitter que "as pessoas usam estas notícias recentes para tentar desacreditar este movimento — não deixem isso acontecer. O Movimento é sobre isto". "A violência sexual é uma questão de poder e privilégio. Isso não muda se o perpetrador é o vosso ator, ativista ou professor preferido de qualquer género. E não mudaremos a cultura a não ser que sejamos sérios quanto a mudar estas falsas narrativas", acrescentou. "Este movimento está a abrir espaço para a possibilidade", alertou Burke, explicando que há que reconhecer "a desconfortável realidade de que não há uma só forma de ser um perpetrador… e que não há um sobrevivente-modelo".
"A violência sexual é uma questão de poder e privilégio. Isso não muda se o perpetrador é o vosso ator, ativista ou professor preferido de qualquer género. E não mudaremos a cultura a não ser que sejamos sérios quanto a mudar estas falsas narrativas", acrescentou. "Este movimento está a abrir espaço para a possibilidade", alertou Burke, explicando que há que reconhecer "a desconfortável realidade de que não há uma só forma de ser um perpetrador… e que não há um sobrevivente-modelo".
