
Quem é esta Letizia? Que rainha é esta? O povo espanhol não reconheceu a mulher que se apresentou em Paiporta, a zona zero da depressão Dana [quer isto dizer que é a localidade mais atingida pela catástrofe natural], na região de Valência. Aquela que ali estava, a ouvir, a consolar, a abraçar as vítimas e até a chorar com elas nada tem a ver com a Letizia altiva, distante e até um tanto arrogante que sempre caracterizou a rainha consorte de Espanha.
Foi uma Letizia diametralmente oposta à imagem que construiu – ou que dela se construiu – ao longo dos anos. As lágrimas que correram na cara suja de lama surpreenderam. Emocionaram. É esta a rainha que os espanhóis querem. É esta a rainha pela qual se esperava. E é esta a rainha que a Espanha precisa.
Hoje, a opinião pública mudou. Até já há quem a veja como a "mãe da nação". Alguma imprensa já a aclamou como tal. Mas a que se deve este "milagre"? O especialista em imagem, Pau Sabaté, revela à revista 'Lecturas' o que levou a esta esta viragem.
A proximidade dos reis às vítimas da depressão DANA "converteu-se num momento simbólico", começa por dizer. Depois, o facto de Felipe e Letizia terem ignorado todas as regras do protocolo transmitiu a ideia "de sensibilidade e proximidade que redefiniu a sua imagem" junto da população.
Lê-se na 'Lecturas': "A rainha Letizia não só mostrou empatia, como também uma disposição sincera para escutar e acompanhar os que mais necessitam num momento de caos absoluto. Segundo Sabaté, esta mudança 'conecta emocionalmente com a realidade de quem está sofrendo'. E sentencia: 'Este tipo de resposta é uma clara rutura com a imagem distante e protocolar que tradicionalmente caracterizou a monarquia espanhola'".