Júlio Magalhães costuma dizer que ninguém conhece tão bem a autoestrada como ele, que por mais de 24 anos fez o trajeto Lisboa-Porto regularmente. Desde o ano passado, o pivô da TVI/CNN Portugal regressava a Porto todas as semanas para estar com a família, e foi isso mesmo que fez na semana passada, depois que a polícia judiciária fez buscas na sua casa.
De acordo com a 'Nova Gente', Júlio Magalhães está isolado no Porto com a mulher Manuela Magalhães, com quem é casado há 34 anos, e com quem tem dois filhos, Mariana e André, enquanto decorrem as investigações da Operação Maestro.
Em causa estão suspeitas de fraude fiscal qualificada, branqueamento e abuso de poder que lesaram os interesses financeiros da União Europeia e do Estado português. O principal visado na investigação é o empresário e comentador de televisão Manuel Serrão, sócio e amigo de longa data de Júlio Magalhães, que poderá ter obtido de forma ilícita quase 39 milhões de euros entre 2015 e 2023 de fundos europeus.
Júlio Magalhães estava a trabalhar nas Manhãs 360 da Rádio Observador quando foi obrigado a ir para a casa que arrenda em Lisboa para abrir a porta à PJ, noticiou a 'Nova Gente'. As autoridades passaram a casa a pente fino e ficaram com o telemóvel do pivô, depois de ele ter sido alvo de escutas durante meses.
Foi depois desta manhã de pesadelo, e de ter anunciado à TVI e à Rádio Observador que já não estava disponível para trabalhar, que Júlio Magalhães terá partido ao encontro da família.
É no Porto, aliás, que o pivô sempre encontrou refúgio. Em mais de 24 anos de trabalho em Lisboa, o jornalista nunca quis fazer a mudança definitiva com a família. "Vivi sempre em hotéis, adoro hotéis, mas agora, como venho todas as semanas, é mais difícil estar num hotel. Estou sozinho", contou no 'Dois às 10' há apenas quatro meses.
"A vida em Lisboa é diferente da vida no Porto. No Porto convivemos mais com amigos. Aqui é tudo muito longe, a cidade é maior, estou sempre a dizer isso: 'Não é melhor nem pior, a vida é diferente. No Porto, estamos juntos. De repente, à noite, os meus amigos dizem: 'Vamos tomar um café ali'. Aqui não [...] Já me habituei. Faço isso há 24 anos".
Nunca considerou mudar toda a família para Lisboa. "Temos a vida no Porto. A minha vida é toda lá, é difícil mudar, sem dúvida, porque estamos habituados", explicou em dezembro.
Até ao momento, nenhum dos visados na Operação Maestro foi constituído arguido. Sem a atividade na TVI/CNN Portugal e na Rádio Observador, Júlio Magalhães poderá estar a perder 13.500 mil euros mensais, 10 mil euros da TVI e 3.500 euros da Rádio Observador.
