
Pilar Eyre é uma das mais proeminentes cronistas especializadas em assuntos relacionados com a realeza espanhola, muito graças à forma destemida como revelava histórias ligadas aos protagonistas da família real de Espanha.
Porém, nem sempre esta missão foi executada sem sobressaltos. Num novo prefácio ao seu livro ‘A Solidão de uma Rainha", Pilar Eyre denuncia a chamada com contornos de ameaça que recebeu da Zarzuela após o lançamento original da obra, que focava sobre os reis eméritos.
"Às nove da manhã de segunda-feira, 16 de janeiro de 2012, o meu telefone tocou. Um número que não conhecia. Como nesse fim de semana recebi algumas chamadas num tom ameaçador, senti um certo temor. ’Sra. Eyre?’, ‘Sim’, ‘Ligo da Casa Real, um momento que vou passar’. E ouviu-se uma música. Creio que era Vivaldi", começa por escrever a autora, de 71 anos.
"Recebi essa chamada da Zarzuela. Depois da música de Vivaldi, não apareceu nem Sofia nem Juan Carlos, mas um funcionário que falava em seu nome. Repreendeu-me a dizer que, por minha culpa, o senhor e a senhora estavam insatisfeitos. ‘Isso não se faz, e dessa maneira! Se nos tivesses consultado, facilitaríamos a documentação, colocar-te-íamos em contacto com as pessoas adequadas. (…) Temos o livro aqui na Casa e ficámos com uma impressão horrível", acrescentou.
Depois de perguntar este funcionário se havia encontrado alguma mentira no livro, este terá respondido: "Mentir não, mas podia dizer-se de outra forma. Isto é uma bomba. As 1500 amantes! O episódio em que a rainha encontra o rei em Toledo!".
"No final, pude fazer a questão que verdadeiramente me preocupava: ‘E agora, o que vão fazer?’ (…) ‘Não vamos proibir o livro, porque aqui, nesta Casa, defendemos a liberdade de expressão, mas queiramos que soubesses que não gostámos e que estamos muito insatisfeitos’. Desliguei algo preocupada, perguntando-me o que quereriam dizer mesmo com essa mensagem. Soube muito rapidamente", frisou Pilar Eyre.
Segundo o ‘El Nacional’, depois desta conversa, as consequências não tardaram. Pilar Eyre alega que começou a receber visitas surpresa do Fisco e a ver entrevistar promocionais agendadas com grandes meios de comunicação espanhóis a serem desmarcadas. Em 2012, foi ainda suspensa da Telecinco, onde colaborou durante duas décadas com o programa ‘Sálvame’, algo que insinuou poder ter tido mão da Casa Real, não descartando, numa crónica do ‘El Mundo’, poder tratar-se de "algum diretor a colocar-se em bicos de pé".