
O livro autobiográfico do píncipe Harry está a causar um verdadeiro terramoto no reino de Sua Majestade, o próprio pai, Carlos III, aquela que é a monarquia mais antiga da Europa.
O livro 'Spare' – 'Na Sombra', na versão em português – terá lançamento no dia 10 de janeiro, porém o seu conteúdo tem vindo a ser conhecido por fascículos, tal como uma novela de ficção. Os vários episódios da vida de Harry e da família real britânica já tornados públicos oscilam entre atos de rebeldia próprios da adolescência, como o consumo de cocaína ou a farda Nazi, e outros mais preocupantes que revelam problemas mais enraizados no seio de 'a firma' – como é apelidada a família real britânica pelos media ingleses.
De acordo com a biógrafa do rei Carlos III, Catherine Mayer, o racismo, a misoginia e a ostentação na família real podem minar a relação dos súbditos com a monarquia. Citada pelo 'The Guardian', a biógrafa chama a atenção ainda para as implicações "absolutamente catastróficas" dos ataques ao comportamento da família real nas novas memórias do duque de Sussex que estão a ser ignoradas, o que pode ser uma ameça para a monarquia.
"Possivelmente, é algo que vai marcar o início do fim da monarquia, e é isso que devemos discutir. É importante, dada a falta de confiança no Estado atualmente e um aumento na política de Direita. Elementos da família real tornaram-se nossos representantes da raiva sobre racismo, misoginia e riqueza. Esta é, afinal, uma instituição que defende a desigualdade, e há coisas importantíssimas em jogo."
Mayer, cujo livro 'The Heart of a King' foi alvo de algumas fugas de informação e pré-publicação semelhantes e algumas distorções quando foi lançado em 2015, argumenta que questões fundamentais levantadas por Harry no documentário da Netflix e no novo livro, para além das entrevistas a Oprah Winfrey e a Tom Bradby, da ITV no domingo, estão a ser evitadas.
Ainda de acordo com a biógrafa de Carlos III, acusações de intimidação, racismo e misoginia, bem como as distinções de classe sustentadas pela monarquia, acabarão por minar a base de aceitação pelo qual a família real governa, se não forem abordadas com frontalidade.