Ex-ministro Morais Sarmento revela pesadelo de saúde: esteve "entre a vida e a morte" e os médicos chamaram os filhos para se despedirem
O antigo ministro do PSD Nuno Morais Sarmento lutou nos últimos 3 anos contra um cancro no pâncreas e garante agora: "Isto é um tempo extra, não era suposto eu estar aqui". Político conta pesadelo para os médicos encontrarem o que realmente tinha: "Foi ano e meio perdido".
Nuno Morais Sarmento, militante do PSD e antigo ministro, viveu os últimos anos afastado da vida pública devido a doença grave. O ex-ministro de Durão Barroso esteve às portas da morte e os médicos recearam o pior. Mas Morais Sarmento mostrou-se muito resiliente e conseguiu dar a volta a este pesadelo de saúde.
Agora, em entrevista à RTP3, o advogado e político português revela detalhes da altura em que esteve entre a vida e a morte.
"Foi talvez o desafio mais difícil que até agora enfrentei, porque eu tinha terminado recentemente um tratamento oncológico e estava ainda a recuperar", começou por revelar.
"Isto foram 3 anos da minha vida, um primeiro ano sem diagnóstico certo e portanto progressivamente incapacitado", contou. Foram então três médicos, o Dr. João Raposo, Dr. Jorge Paulino e Dr. Carlos Ferreira que conseguiram finalmente descobrir o que era: um tumor no pâncreas.
"Tratava-se de um insulinoma, que é um tumor no pâncreas e como todas as intervenções que envolvem o pâncreas têm uma grande tendência para se complicarem e neste caso complicou-se, depois da cirurgia. Acabaram por ser 18 meses de hospital, 12 cirurgias, 16 anestesias gerais, 5 meses de cuidados intensivos e não há muitas palavras para dizer a violência que isto foi (...) Não me recordo de um único dia nos últimos 3 anos em que não tenha tido dores e sofrimento físico. Chega a um ponto em que já não se tem resistência", revelou.
Morais Sarmento, que é casado com Ana Filipa de Moser Lupi e tem dois filhos, Francisco e Madalena, contou então que foi graças ao apoio da mulher, da família e dos amigos que conseguiu resistir: "A resistência veio, alguma de mim, concerteza, mas em primeiro lugar da Filipa, a minha mulher, sem a qual de certeza absoluta eu não estaria aqui. E depois, uma sensação quase física que eu tive durante esse tempo, da força e da energia das pessoas que de alguma forma estavam a acompanhar, família e amigos".
O político revelou ainda que os médicos chegaram mesmo a chamar os filhos para se despedirem dele e que, com a experiência de estar entre a vida e a morte, ficou a certeza de que há qualquer coisa "do outro lado".
"Eu tive duas vezes, uma não estava consciente, da outra estava, em que o médico chamou os meus filhos para se despedirem de mim, o que é uma coisa de uma violência, mais para eles do que para mim (...) Tive um pé cá e um pé lá, tenho perfeita consciência. Não vi um túnel e luz no fundo, se calhar porque não vou para o Céu, mas o que vi, pelo contrário, foi uma realidade errada, disforme, descontruída, e que me fez resistir e não querer passar. Não sei o que era o depois, mas tenho a absoluta certeza de que a vida não acaba aqui", revelou.
Morais Sarmento garante também ter ganho uma vontade renovada de viver e aproveitar a vida. "Isto é um tempo extra, não era suposto eu estar aqui. A vida deve ser aproveitada, mais do que eu a aproveitava", rematou.