
Sónia Tavares escreveu, esta segunda-feira, um longo testemunho acerca das mensagens de ódio que lhe são endereçadas, listando as mais frequentes.
"‘Travesti’, ‘homem’, ‘drogada’, ‘não merece o ar que respira’ são os insultos mais comuns. Alguns ainda conseguem qualquer coisa mais cara, como ‘grotesca’. Eu não me importo, mas sempre ouvi dizer que ‘quem não sente, não é filho de boa gente’. Sou só uma cantora, só quero atravessar a estrada para chegar ao outro lado", afirmou a vocalista dos The Gift.
"Não governo um país, não sou assassina, nem corrupta. Não sou criminosa, pago impostos e praticamente só saio de casa para trabalhar. Faço música para quem a quiser ouvir, tenho o coração do lado esquerdo e o cérebro dentro do crânio. Não sou indiferente ao ódio, assim como não sou ao amor. Não, não sou superior o suficiente para dizer que vozes de burro não chegam aos céus", continuou.
"A qualidade de artista ou figura pública não me deixa automaticamente imune ao veneno. Não me cega, nem me tapa os ouvidos. E afinal, quem é que decidiu que o melhor é fazer orelhas moucas a tudo isso? E quem é que decidiu que eu não me posso expressar da mesma maneira? E porque é que ficar ofendida é um sinal de fraqueza e se me defender sou mal educada, ou simplesmente pior pessoa?", acrescentou a cantora.
"E quem é que decidiu que o pedestal de famoso é uma espécie de alvo com maior visibilidade e que está proibido de ripostar? É à partida, injusto, sobretudo quando se é apenas alguém que quer ter comida na mesa e escolheu a ‘criminosa’ realidade de ser artista, tão pelintra como outra qualquer", referiu, por fim.