Francisco Pinto Balsemão partiu aos 88 anos de idade mas sem perder o controlo do grupo Impresa, o império de comunicação que construiu de raiz e que é dona da SIC e do semanário 'Expresso'. Porém, há novos desafios no horizonte e coloca-se a questão de quanto tempo mais irá permanecer a empresa nas mãos da família Balsemão, com as contas a mostrarem-se difíceis de sustentar por muito mais tempo. Será este o fim do Império?
Há cerca de um mês surgiram as notícias das negociações com a família de Sílvio Berlusconi para a venda de uma "participação relevante" da empresa. Urge uma solução. No ano passado, a Impresa registou um prejuízo de 66,2 milhões de euros. A concretizar-se o negócio com o grupo MFE - MediaForEurope, dos Berlusconi, haverá uma mudança de poder dentro do grupo deixado por Francisco Pinto Balsemão, cujo CEO é o filho mais novo Francisco Pedro Balsemão, com o risco do clã perder o domínio da empresa.
"Face às notícias divulgadas na comunicação social, a Impresa informa que lhe foi comunicado pelo seu acionista maioritário que este se encontra a desenvolver contactos, em exclusividade, com o grupo MFE com vista à avaliação de potenciais operações societárias para a aquisição de uma participação relevante na Impresa, embora não exista, nesta data, qualquer acordo vinculativo entre o acionista e a MFE para o efeito", avançou a Impresa em comunicado enviado à CMVM, no final de setembro.
Neste cenário, o que irá então acontecer a Francisco Pedro, que que assumiu o legado do pai e que foi subindo na estrutura da Impresa até chegar a CEO, e também aos outros filhos, alguns deles com posições na SIC. “O que está para trás é importante, naturalmente, mas o que interessa é sempre olhar para frente. Criar é muito importante”, foi um dos legados deixados aos filhos e aos netos. O malogrado Francisco Pinto Balsemão nunca se acomodou ao berço de ouro em que nasceu. Pelo contrário, ter nascido numa família abastada era para ele uma responsabilidade acrescida.
Os seis herdeiros – a mulher, Tita Balsemão, e os cinco filhos, Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro – dão mostras de estarem mais unidos que nunca. Terão agora de respeitar o testamento deixado pelo patriarca e dividir o património que rondará os 40 milhões de euros, entre aplicações financeiras, contas bancárias e imóveis – o mais luxuoso, a casa da família, na exclusiva Quinta da Marinha, em Cascais. Para além da receita com a venda do palacete na Lapa e com Francisco Pinto Balsemão a aumentar o seu património há apenas três semanas, com a valorização das ações da Impresa em 6,3 milhões de euros, na Euronext Lisboa.
A isto há a juntar ainda o possível encaixe com o possível negócio da venda de uma "participação relevante" da Impresa, mas a que preço? Se perderem o controlo do grupo fundado pelo magnata da comunicação, poderá ser um valor demasiado elevado.