O treinador português de futebol Paulo Fonseca chegou na segunda-feira a Lisboa, acompanhado pela mulher, Katerina, e pelo filho, Martim, de 2 anos de idade, vindo da Ucrânia, mais precisamente da cidade de Kiev, onde vivia e treinava o Shakhtar Donetsk.
À chegada ao aeroporto Humberto Delgado, Paulo Fonseca vivia um misto de emoções, feliz por estar seguro com a família e triste pelo povo ucraniano, alvo de uma invasão militar russa desde quinta-feira, 24 de fevereiro. À sua espera tinha a família e os amigos. "É um misto de emoções. Por um lado, consegui trazer a minha família, mas, por outro, eles deixaram lá praticamente tudo. Enquanto estive na cidade, não vi tanques russos, porque estávamos num bunker. O pior começou a acontecer depois de termos saído de lá", recordou.
Para fugir da guerra, Paulo Fonseca, a mulher e o filho viajaram de autocarro entre a Ucrânia e a Roménia, passando pela Modávia. "Agradeço também à embaixada portuguesa que nos ajudou a atravessar a fronteira e tenho um agradecimento especial ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, que entrou em contacto com o presidente da federação ucraniana e que foram importantes para conseguirmos atravessar a fronteira", referiu o treinador à chegada.
Para a mulher, Katrina, ucraniana, ter chegado a Lisboa não apagou a dor que sentia e o aperto no coração com a família ainda na Ucrânia a viver o caos da guerra. "Tenho de confessar que o meu coração não está cá. Está na Ucrânia, com os meus amigos e familiares. Há uma guerra cruel no meu país e que é completamente inaceitável. É muito difícil ver crianças, mulheres e civis a morrer. Esta guerra tem de acabar imediatamente", afirmou na segunda-feira.
Neste momento, cinco dias após a chegada a Lisboa, Katrina está um pouco mais tranquila. A FLASH! sabe que o treinador Paulo Fonseca e a mulher conseguiram resgatar a quase totalidade da família de Katrina para Portugal. Não só os pais mas também outros familiares. O treinador terá alugado uma casa num condomínio de luxo na Margem Sul, região de Lisboa, para acomodar a família. É tempo de recomeçar, com os olhos postos na Ucrânia e no povo ucraniano.
"O povo está a sofrer, mas está a lutar pela pátria. Ainda hoje soube que há inúmeras pessoas que querem entrar para se alistarem no exército. Há também inúmeras figuras públicas. Por isso, neste momento, já ganharam esta guerra. Temos muitos amigos que se alistaram para defender a Ucrânia. Sabemos que estão bem, mas estão na frente de batalha", revelou o treinador na chegada a Lisboa.
Para já, o futebol fica em suspenso e Paulo Fonseca não rejeita o regresso a Kiev no futuro. "É claro que penso voltar à Ucrânia. Foi um alívio para mim e para a minha família, mas custou-me deixar aquele povo que está a lutar de forma heroica. Sinto-me aliviado, por mim e pela minha família, mas ao mesmo tempo uma tristeza muito grande. Não tenho pensado na minha carreira. Vou querer regressar, não nesta época, mas no início da próxima", assegurou.
