
António Raminhos partilhou um longo desabafo em relação à escassez de oportunidades dadas aos seus projetos, nomeadamente em televisão. O humorista refletiu ainda sobre se vale a pena continuar a fazer progressos nos seus trabalhos, dada a diminuta procura por parte das estações televisivas com que se tem deparado.
"É um desabafo, não é um lamento ou um 'olha o coitadinho'. (...) Cá vai, às vezes tenho vontade de desistir dos meus projetos, mesmo aqueles em andamento. Sei que não o vou fazer porque acredito que têm alguma importância para quem os vê/escuta. É o que me dizem", começou por escrever o humorista numa publicação no Instagram.
De seguida, deu o exemplo do seu podcast, que tem tido boas avaliações mas não recebe a adesão do público que esperava: "O podcast #somostodosmalucos: gosto de o fazer, tem 4,8 em 5 no ‘rating’ dos podcasts, está no topo dos mais ouvidos na área da saúde mental. No Youtube sempre montes de opiniões positivas. Mas depois, as views não são por aí além, apanho comentários do género ‘como é que isto não tem mais views" ou 'como é que tu pagas isto do teu bolso e não arranjas patrocínio!’ Pois, não sei", referiu.
"Tenho dois projetos para tv em gaveta, um deles já falei aqui. (…) Estou farto de procurar apoios, já apresentei em consulta duas vezes num canal de televisão, já falei com outros diretores… nada", refere, acrescentando: "Outro projeto, também fora da caixa, sobre religiões… puro serviço público. O mais difícil, que era convencer as pessoas ligadas às várias congregações religiosas, adivinhem? Conseguimos! Canais que queiram? Na linguagem dos anos 90… ‘népia’", prosseguiu.
Por fim, explicou aquilo que o atormenta na atualidade televisiva: "E depois ligamos a televisão e, salvo raras excepções, sempre a mesma coisa, da mesma forma. Na realidade, sou um sortudo por ter já feito muita coisa em televisão, mas acho normal querermos ir mais longe. Não sinto rancor e está tudo bem, tudo tem o seu tempo, mas acho normal haver esta reflexão. E claro que não sou o único neste barco. O que não faltam aí são ótimos projetos para televisão de pessoas com valor, de gente com ideias fora da caixa que não conseguem ajuda. Músicos, pintores, atores, criativos das mais diversas áreas. Haverá uma altura em que, se calhar, vou ter de desistir destas ideias. Saber que chegou a hora de seguir o caminho para que outras ideias possam nascer", rematou o humorista.
Na caixa de comentários, Marco Horácio, que também tem tido poucas oportunidades na televisão, apoiou Raminhos: "Não podemos parar Raminhos… manter-nos criativamente ativos, treinar a mente, agilizar o processo de escrita e desta forma sentirmo-nos preenchidos. Pior do que criar projetos e não os ver reconhecidos ou apoiados é não ter a capacidade de os criar. (...) Gosto de ti Raminhos mas sobretudo gosto da forma consciente e humana como tentas ajudar o outro em tudo que fazes. Isso é deixar marca", argumentou.